A eurodeputada e candidata do Bloco às eleições europeias afirma que a União Europeia dos nossos dias está “minada pela corrupção e com uma ascensão da extrema-direita enorme”.
Na entrevista publicada esta quinta-feira pelo Público e Rádio Renascença, Marisa aponta o dedo à corrupção nas instituições europeias, protegidas pela ausência de mecanismos de transparência. “Um lóbi em teoria é inscrito, sabe-se quem reúne com quem, mas obviamente não creio que seja tudo às claras. Haverá um tipo de influências que não será feito às claras”, afirma a eurodeputada bloquista.
Uma dessas influências, prosseguiu Marisa, levou a que a crise financeira tivesse passado sem que a UE respondesse com a necessária regulação do setor financeiro. “Bruxelas praticamente não fez nada, as instituições fizeram muito pouco para regulá-lo”, insiste Marisa, não esquecendo também a corrupção ao nível dos governos, dando os exemplos do que se passa em países como a Bulgária, Malta, Roménia, Hungria ou Eslováquia.
“Do ponto de vista económico, a União Europeia converteu-se numa espécie de ninho de paraísos fiscais, e não o assume. O dinheiro que faz falta às contas públicas, em muitos países, é porque foge para o Luxemburgo, Holanda ou para outros paraísos fiscais dentro da União Europeia”, denuncia Marisa Matias.
Fazendo o balanço dos 20 anos do euro, “dificilmente encontraremos alguém que diga que foi um sucesso”, aponta a eurodeputada bloquista, concluindo que a moeda única “trouxe mais divergência do que convergência”. “Não tem orçamento adequado para permitir redistribuição entre os excedentes e os défices, não permite uma adequação dos objetivos da moeda e a salvaguarda dos serviços públicos ou do Estado Social. Há uma incompatibilidade que resulta da própria arquitetura da moeda”, prosseguiu. Para Marisa Matias, a verdadeira questão é saber “como é que passa a ser uma moeda de toda a gente e não uma moeda da Alemanha, ou ao serviço da Alemanha”.
Para que isso aconteça, para além da necessidade de medidas para combater a fraude e evasão fiscal — onde a UE perde todos os anos “o equivalente, mais ou menos, a sete orçamentos comunitários” — Marisa defende que “tem de haver um aumento significativo do orçamento europeu e tem de ter um caráter redistributivo” .