Alda Botelho Azevedo, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, explicou esta terça-feira na Conferência "Habitar as Grandes Cidades", organizada pela Rádio Renascença, que uma em cada quatro casas que foram construídas desde 2006 está vazia, apontando a especulação imobiliária como causa deste fenómeno.
De acordo com as suas estimativas, há 700 mil habitações vagas no país. Em Lisboa, serão perto de 50 mil.
A especialista opõe-se assim ao discurso de que se deve construir mais para resolver os problemas da habitação, contrapondo que o que será necessário é reabilitar. Para ela, “precisamos de tornar a habitação disponível às famílias, que os alojamentos vagos passem a ter a função de residência principal”.
A investigadora antecipou assim as conclusões de um estudo que publicará brevemente. Nele mostra que mesmo nos cenários em que haja um alto número de imigrantes a chegar ao país o número de famílias “será inferior ao de stock de habitação de Lisboa”.
Na sua intervenção nesta conferência, olhou ainda para o caso da Dinamarca e para a criação de associações de habitação sem fins lucrativos que são uma forma de resolver o problema. Estes coletivos gerem “parques habitacionais em que a construção é alimentada com as rendas das pessoas que estão a viver nesses fogos”, descreve a Renascença na sua notícia. Um tal sistema, defende, iria reduzir preços.