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Mohammed Ghannouchi, o último primeiro-ministro do regime do ditador Ben Ali, anunciou esta segunda-feira a formação de um novo governo de união nacional, que inclui os líderes de três partidos da oposição legal. Os principais ministérios, porém são ocupados por ministros do governo anterior – entre eles o próprio primeiro-ministro, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Kamel Morjane, e o ministro do Interior, Ahmed Kriaâ.
Entram no governo Nejib Chebbi, dirigente do Partido Democrático Progressista, que será ministro do Desenvolvimento Regional, Ahmed Brahim, secretário-geral do Ettajdid, o ex-partido comunista, que assume o ministério do Ensino Superior e Científico; e Mustapha Ben Jafaar, secretário-geral do Fórum Democrático para o Trabalho e as Liberdades, assume o ministério da Saúde.
O ministério da Informação é extinto.
Ao apresentar o governo, Mohammed Ghannouchi prometeu que serão libertados todos os presos acusados de delito de opinião, a Liga dos Direitos do Homem poderá passar a actuar livremente e serão legalizados todos os partidos políticos que o pedirem.
“Estamos empenhados nos esforços para restaurar a calma e a paz no coração de todos os tunisinos. A nossa prioridade é a segurança, bem como as reformas política e económica”, disse o primeiro-ministro numa conferência de imprensa.
Farsa
Moncef Marzouki, opositor histórico ao regime de Ben Ali, denunciou que o novo governo é uma farsa, dizendo que se trata de uma falsa abertura, com a manutenção de ministros do deposto Ben Ali. “A Tunísia merecia muito melhor: 90 mortos, quatro semanas de uma verdadeira revolução, para chegar a quê? Um governo que de unidade nacional só tem o nome, porque na realidade é composto por [membros] do partido da ditadura, o RCD [partido do ex-presidente Zine El Abidine Ben Ali], disse.
“Acho que o povo tunisino não vai deixar-se enganar por este tipo de farsa”, disse, apontando que o RCD “mantém todos os postos importantes, incluindo o ministério do Interior, que deve organizar as futuras eleições”.
Marzouki anunciou que será candidato à próxima eleição presidencial.