O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela tinha ordenado no passado dia 11 uma intervenção judicial no partido. A direção eleita foi destituída judicialmente e uma nova direção foi nomeada e batizada como o “conselho de administração 'ad hoc' da organização”. Esta passou a ser presidida por Henry Parra, cuja militância atual no partido é posta em causa já que terá rompido publicamente com ele há dois anos. O mesmo acontece como os restantes “novos dirigentes”, vários deles acusados de pertencer ao PSUV, o partido do presidente da República. Parra foi um dos autores de uma queixa judicial em que alegava que a direção anterior excluía as bases com a sua atuação, tendo-se afastado dos princípios do partido, e por isso deveria ser destituída.
A direção eleita do partido reagiu caracterizando esta decisão como um “assalto” ao partido que “revela a natureza autoritária e antidemocrática” do governo de Nicolás Maduro do qual já se tinha afastado há algum tempo. Óscar Figuera, secretário-geral do PCV, em conferência de imprensa, afirmou que a decisão viola quer a constituição do país quer os estatutos do partido e anunciou que os militantes darão luta às medidas “impostas pelo regime burguês” que abre portas “aos setores do capital e da direita” através de uma “política neoliberal”. Figuera é deputado na Assembleia Nacional e tem acusado a maioria de o impedir de usar a palavra neste órgão.
Não é a primeira vez que o Tribunal Supremo de Justiça intervém desta forma em partidos da oposição. Já o tinha feito em vários partidos, uns de esquerda, outros de direita, como o Pátria Para Todos, Podemos, Copei, Ação Democrática, Vontade Popular, Primeiro Justiça, Bandera Roja, Tupamaros, Min Unidade. O mesmo tipo de intervenção foi feita também em organizações não governamentais como a Cruz Vermelha no início deste mês.
O líder do PCV nomeado judicialmente tratou entretanto, numa das suas primeiras entrevistas, a 17 de agosto, ao programa Hablando Claro da Venezuela News, de anunciar que o partido voltaria a integrar a coligação de apoio ao governo de Nicolás Maduro, o Grande Polo Patriótico, justificando que o partido tinha antes vivido uma “purga” dos apoiantes do governo que agora se vai inverter.