Após um plenário realizado na estação de comboios de Santa Apolónia, os trabalhadores dos bares dos comboios da CP concentraram-se em frente ao ministério das Infraestruturas e da Habitação, exigindo a manutenção dos seus postos de trabalho e o respeito pelos seus direitos laborais.
Daí, os trabalhadores seguiram para o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, para onde estava prevista uma reunião com a CP e as empresas Risto Rail e Apeadeiro 2020. O encontro, requerido pela Federação dos Sindicatos da Hotelaria e Turismo (FESAHT), acabou por ser adiado para o período da tarde, aguardando-se para o final do dia alguma informação sobre o resultado desta reunião.
Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul explica que a Comboios de Portugal cessou o contrato de prestação de serviços com a Risto Rail, com efeitos a 31 de julho. A empresa pública de transporte ferroviário recusou-se, no entanto, a assumir responsabilidade no que respeita à manutenção dos contratos de trabalho dos 120 trabalhadores.
Acresce que “a CP tem boicotado qualquer hipótese de diálogo em sede de prevenção de conflitos na DGERT/Ministério do Trabalho”, faltando, inclusive, a uma reunião agendada para o passado dia 20 de julho, no Ministério do Trabalho e da Segurança Social. Instalou-se assim “o pânico no seio dos trabalhadores, que ficam sem saber o que vai acontecer no dia um de agosto”.
O Sindicato avança ainda que a CP, “numa tentativa de desresponsabilização, promoveu um concurso público para a concessão que ficou deserto”. Entretanto, abriu novo concurso, e a concessão da exploração dos bares da CP terá sido atribuída à empresa “Apeadeiro 2020 – Produtos e serviços, Lda”, cujo sócio gerente é funcionário da CP.
Conforme aponta o site despedimentos.pt, o concurso não prevê o serviço de restauração, “o que pode levar um corte de cerca de dois terços dos funcionários”. Desta forma, “a administração da CP refugia-se na subcontratação e num concurso pouco transparente, terminando com uma parte do serviço de restauração que deve estar presente nos comboios”.
Por sua vez, “a empresa Apeadeiro 2020, que alegadamente ganhou a concessão do serviço, já fez saber que dos atuais 120 trabalhadores, só precisa de 30 em Lisboa e 15 no Porto e que não paga indemnizações aos restantes”, alerta o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul.
Bloco quer que Governo e CP assumam responsabilidade
A deputada bloquista Isabel Pires esteve presente no protesto dos trabalhadores dos bares dos comboios da CP. O Bloco, que tem vindo a acompanhar a luta destes trabalhadores e a pressionar o governo para que esta situação seja resolvida da forma mais rapidamente possível, acusa o executivo de estar a promover concursos que premeiam a precariedade.
Isabel Pires frisou que a CP e o Estado têm de assumir responsabilidade sobre os trabalhadores e garantir a manutenção destes postos de trabalho.
Numa pergunta endereçada a 21 de julho ao Ministério das Infraestruturas e da Habitação, os deputados José Soeiro e Isabel Pires frisam que o processo “foi conduzido de uma forma inaceitável por parte da CP que negligenciou a situação laboral destes trabalhadores”.
E defendem que “o Governo tem, pois, particular responsabilidade e dever de atuação sobre esta matéria, cabendo-lhe garantir, através de todos os meios disponíveis pelo exercício da tutela que a estes trabalhadores são garantidos os seus postos de trabalho e o seu salário”.