TAP: anúncio da privatização mostra “cara de pau” do governo

11 de junho 2015 - 16:31

O Bloco anunciou um debate de urgência para esta sexta-feira sobre a anunciada decisão de entregar a TAP a privados por 10 milhões de euros. Mariana Mortágua responde a Passos Coelho: “Não é coragem, é mesmo cara de pau” apresentar um negócio ruinoso como sendo benéfico para o país.

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Foto Paulete Matos.

O governo anunciou esta quinta-feira a entrega de 61% da Transportadora Aérea Portuguesa ao grupo constituído pelos empresários David Neelman e Humberto Pedrosa. O dono da Barraqueiro e o sócio brasileiro vão pagar dez milhões de euros pelas ações adquiridas e promete investir mais 350 milhões na empresa nos próximos anos. A fortuna de Humberto Pedrosa está ligada desde sempre ao setor dos transportes, tendo adquirido empresas do grupo Rodoviária Nacional após a sua privatização. O dono da Barraqueiro é igualmente um dos grandes beneficiários das Parcerias Público-Privadas, com a exploração da travessia ferroviária do Tejo através da Fertagus ou dos metropolitano do Porto e do Sul do Tejo.

“Há alguns anos a Portugália, que tinha um passivo gigantesco, foi comprada pela TAP por 140 milhões de euros. Hoje anunciaram a entrega da TAP por 10 milhões”, reagiu a deputada bloquista Mariana Mortágua, que amanhã irá confrontar o Governo na Assembleia da República sobre a operação que retira uma empresa emblemática do serviço público e que é dos maiores contribuintes para as exportações, em troca de uma “verba simbólica”.

Reagindo às palavras do primeiro-ministro, que afirmou ter sido necessária muita coragem para fechar o negócio, Mariana Mortágua respondeu referindo-se às contas envolvidas: “não é coragem que é preciso ter, é preciso cara de pau para tomar esta decisão” para anunciar um negócio tão ruinoso para o interesse público.

“A TAP não é só importante quando há greves e quando é preciso travar os direitos dos trabalhadores”, defendeu Mariana Mortágua, destacando o papel da empresa na economia e na difusão da cultura portuguesa. E repetiu que “é preciso ter cara de pau” para apresentar este negócio como sendo benéfico “quando daqui por doze anos não há nenhuma garantia de manutenção da sede em Portugal nem das rotas estratégicas”.

“Todo este processo foi feito sem nenhuma transparência”, concluiu Mariana Mortágua, criticando “a pressa” do Governo. “O processo está em aberto e usaremos todos os meios para o travar”, prometeu a deputada do Bloco.