O braço de ferro entre a Tesla e os seus trabalhadores na Suécia continua. A empresa norte-americana recusa-se a cumprir o acordo coletivo de trabalho do setor e uma greve que começou com os mecânicos das oficinas de reparação da empresa no final de outubro entretanto alastrou-se a outros setores, juntando mais de dez sindicatos do país.
Estivadores, motoristas, eletricistas e pessoal de limpeza e manutenção que prestam serviços relacionados com a empresa mantêm uma forte greve de solidariedade porque acreditam que a rutura da Tesla com o modelo de contratação coletiva sueco é uma ameaça a todos os trabalhadores.
Um papel essencial no processo é desempenhado pelos trabalhadores dos correios que recusam o serviço para a Tesla, bloqueando, nomeadamente, a chegada de matrículas que são indispensáveis para a marca vender os seus carros elétricos. Tanto que a empresa levou o caso a tribunal e, na quinta-feira, uma ação foi decidida de forma favorável aos trabalhadores dos correios permitindo a continuação do boicote. Gabriella Lavecchia, presidente do Seko, o sindicato dos trabalhadores da PostNord, saúda a decisão precisamente porque a luta é “sobre o modelo de acordo coletivo sueco e há um consenso sobre ele, tanto politicamente quanto entre as partes do mercado laboral”.
Num caso relacionado, com sentença de 27 de novembro, a decisão foi favorável à Tesla tendo sido decidido que a autoridade de transportes do país seria obrigada a encontrar uma outra forma de entregar as matrículas à Tesla. O processo continua depois do recurso desta agência pública.
No mesmo dia, outro sindicato, o AKT, sindicato finlandês dos trabalhadores dos transportes, decidiu também apoiar diretamente os mecânicos do IF Metall, iniciando igualmente um bloqueio aos veículos da Tesla que passem pelos portos da Finlândia e sejam destinados à Suécia. O anúncio segue-se a decisões semelhantes dos seus colegas estivadores suecos, dinamarqueses e noruegueses. A ser efetivo, isto implica que os automóveis da empresa não cheguem à Suécia.
Ismo Kokko, presidente do AKT, numa declaração citada pela Reuters, justifica que “é uma parte crucial do modelo de mercado de trabalho nórdico que haja acordos coletivos e que os sindicatos se ajudem uns aos outros”.
Também um fundo de pensões dinamarquês, o PensionDanmark, anunciou ter vendido as suas ações da Tesla no passado dia 6 de dezembro. Estas tinham um valor de 63,79 milhões de euros. Também alguns fundos de pensões suecos ameaçaram fazer o mesmo apesar de ainda não o terem concretizado.
A luta destes trabalhadores e a sua visibilidade têm impacto nos negócios da Tesla. A Noruega é o quarto maior país consumidor de automóveis da marca, a Suécia é o quinto e o Modelo Y é mesmo o carro mais vendido no país este ano.