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Semedo: "Governo está a iludir o acórdão do TC"

O coordenador do Bloco acusa Passos Coelho de estar "a contornar e a iludir o acórdão do Tribunal Constitucional" com as medidas anunciadas na sexta-feira, considerando-as "uma violência contra o Estado moderno e democrático" e contra aqueles que o construíram nos últimos 40 anos.
Foto Paulete Matos

"O que hoje o primeiro-ministro anunciou foi uma vaga de despedimentos como nunca houve em Portugal, na administração pública, foi o embaratecimento do trabalho dos funcionários públicos e foi mais um ataque aos pensionistas e reformados", afirmou João Semedo na sua intervenção no Clube dos Pensadores, em Gaia. Semedo diz que se trata de "uma violência contra o Estado moderno e democrático, que se construiu nos últimos 40 anos e uma violência para quem tem, ao longo dos anos, construído este Estado: os funcionários públicos".

O coordenador bloquista resumiu as três conclusões que tirou da comunicação de Passos Coelho: a primeira "é que o Governo não está a reformar o Estado, está destruir o Estado"; a segunda é que "não está a cumprir o acórdão do Tribunal Constitucional, está a contornar e a iludir o acórdão do Tribunal Constitucional"; e a terceira, que diz ser a "mais importante" e surgiu em forma de aviso. "Que se desiludam aqueles que julgam que estas medidas vão apenas afetar os funcionários públicos, os pensionistas e os reformados", afirmou Semedo, citado pela agência Lusa.

"Os despedimentos no setor privado vão crescer"

"Se é verdade que se trata de um "ataque aos funcionários públicos e à administração pública", Semedo lembra que "estas medidas vão, em breve, ter uma consequência muito negativa sobre todo o setor privado". "Estas medidas, reduzindo ainda mais o já pequeno poder de compra dos portugueses, em geral, irão ter efeitos recessivos brutais, irão desmembrar ainda mais o já frágil tecido económico e provocarão uma nova onda de recessão, agravando o colapso económico em que o país está mergulhado", defendeu o coordenador bloquista. 

Com a nova dose de austeridade apresentada por Passos Coelho, o coordenador do Bloco prevê que "os despedimentos no setor privado vão crescer", porque "o setor público, pelo poder de compra que gera, deixa de promover o desenvolvimento e crescimento económico e as empresas vão continuar a ressentir-se desta situação, vão continuar a emagrecer, a fechar e a falir". Em resumo, "a economia não vai aguentar estes impactos recessivos destas medidas".

"Estas medidas vão atingir toda a sociedade e mais longe vamos ficar daquelas metas relativamente ao défice e à dívida que têm justificado todas estas austeridades, sem qualquer resultado prático ", concluiu Semedo.

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