"Se a TAP é tão especial que não pode parar, porque é que a querem vender?"

18 de dezembro 2014 - 18:23

Catarina Martins esteve na Maia em solidariedade com a greve dos trabalhadores da SONAE Logística, em luta pelo salário e por direitos. E criticou a contradição do Governo na requisição civil na TAP.

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Catarina Martins no piquete de greve dos trabalhadores da Sonae Logística, esta quinta-feira na Maia.

"Estamos aqui em solidariedade com os trabalhadores da Sonae, onde muitos ganham o salário mínimo há mais de dez anos e têm o salário congelado há quatro anos", afirmou a porta-voz do Bloco no piquete de greve. Catarina Martins sublinhou que esta paralisação, que teve início esta quinta-feira ao fim da tarde, "é uma greve também pelos direitos dos trabalhadores precários, para que sejam integrados nos quadros".  

Os trabalhadores da Sonae Logística apresentaram um Caderno Reivindicativo à empresa, onde reivindicavam a atualização do salário, que em média é de 540 mensais, do subsídio de alimentação e contra a discriminação na aplicação do prémio mensal. Mas a empresa de Belmiro de Azevedo não se mostrou disponível para negociar nenhuma das propostas apresentadas pelos trabalhadores, que se queixam de serem sujeitos a ritmos de trabalho desumano, com implicações permanentes no estado de saúde.

Questionada pelos jornalistas sobre a requisição civil que o Governo quer impor nos dias da greve na TAP, Catarina Martins defendeu que "o direito à greve não pode ser subjugado pela agenda político de um Governo que está mais interessado em vender a TAP".

"O ministro tem de explicar como é que a TAP é tão especial que não pode parar em determinados dias quando aquilo que quer é vender a empresa e portanto deixar de defender qualquer interesse público. O ministro tem de explicar esta contradição", defendeu Catarina Martins.

"Quando o Governo decreta a requisição civil está a reconhecer que a TAP não é uma empresa como as outras, que é uma empresa estratégica que não pode parar em determinados dias. Mas se é assim, tem de reconhecer que a TAP não pode ser privatizada e deve ser pública", defendeu a porta-voz do Bloco, que espera que o ministro Pires de Lima possa esclarecer esta contradição no discurso do Governo quando vier ao Parlamento nos próximos dias, na sequência de um requerimento do Bloco. "O ministro tem de explicar como é que a TAP é tão especial que não pode parar em determinados dias quando aquilo que quer é vender a empresa e portanto deixar de defender qualquer interesse público. O ministro tem de explicar esta contradição", defendeu Catarina Martins.

Sobre os argumentos do Governo acerca da importância das festas de Natal e dos emigrantes com viagens marcadas, Catarina Martins respondeu com uma questão: "Quando a TAP for privatizada e deixar de voar para Toronto ou para Caracas, poderão os emigrantes portugueses vir passar o Natal a casa?"

"Já foi possível parar tentativas de privatização da TAP. Ainda bem que os trabalhadores da TAP têm estado na linha da frente da defesa do interesse público", prosseguiu Catarina Martins, sublinhando também as iniciativas de outros setores da sociedade que têm vindo a público defender que a transportadora aérea não seja entregue a mãos privadas.