O Diário de Notícias publica neste sábado uma entrevista feita por Graça Henriques a Marisa Matias, a candidata que vai fazer a “campanha contra o medo”.
“Se tivesse vivido noutro tempo não poderia ter feito a trajetória que fiz”
Na entrevista, Marisa Matias destaca a importância da democratização do país e do estado social. “Sinceramente, se tivesse vivido noutro tempo não poderia ter feito a trajetória que fiz, afirma, sublinhando que “passar a haver transportes públicos, centros de saúde, escola primária, permitiu que eu pudesse aceder aos diferentes níveis de educação”.
Marisa refere que os seus pais não foram muito militantes, “mas foram sempre de esquerda”, e destaca a influência da mãe na sua vida e na da sua irmã, “em relação à igualdade, aos direitos das mulheres”.
Confessa também que gosta de campanhas, onde “se toma o contacto real com os problemas que as pessoas estão a enfrentar”, salientando: “Se alguma coisa devemos fazer na política, é dar voz a quem não a tem.”.
Sobre a situação social atual, lembra que “estamos a viver uma crise de contornos muito diferentes” de há cinco anos, sublinhando que a crise mostra que “precisamos de mudanças estruturais na sociedade, de discutir as soluções”.
“Para mim, a política não é um jogo nem nunca foi, não é um palco, é uma forma de podermos ajudar a encontrar soluções para os problemas”, diz.
Dimensões positivas e negativas do mandato de Marcelo
Marisa Matias fala também sobre o mandato do atual Presidente da República, começando por referir que “até agora, foi um mandato incomparável, tem dimensões muito boas”.
“Não me esqueço da forma como contribuiu para se fazer cumprir a vontade democrática dos portugueses a seguir às eleições”, destaca, recordando que “contribuiu” para fazer cumprir a vontade democrática e para se constituir “um governo que representasse” a maioria existente na Assembleia. Refere também que se encontrou com Marcelo em várias lutas: “na questão dos cuidadores informais, foi uma voz muito importante”, “encontrámo-nos na luta para defender os sem-abrigo”.
Marisa Matias assinala também as diferenças com Marcelo Rebelo de Sousa, em “três eixos”: “nos recursos para a crise do setor financeiro”, em relação às PPP e na questão laboral e das desigualdades laborais.
“Não estou de acordo, por exemplo, com a forma como o Presidente da República se juntou à Comissão Europeia e ao governo português na solução para o Novo Banco que continuamos a pagar - foi um agente ativo dessa solução”, critica Marisa Matias.
Marisa Matias recorda as ausências de Marcelo em “momentos como o da Cristina Tavares ... e o das trabalhadoras da Triumph”
Lembra também que Marcelo “teve um papel importante para manter as PPP dentro da nova lei de bases da saúde” e critica: “quando a pandemia chegou percebemos que foram os privados os primeiros a fugir e a fechar portas”.
Em terceiro lugar, Marisa fala da questão laboral e das desigualdades laborais, sublinhando que “percebeu-se que foram os precários os primeiros a pagar o preço da crise e não houve uma ação concreta”.
Por fim, Marisa Matias recorda as ausências de Marcelo em “momentos como o da Cristina Tavares que foi assediada como nunca tínhamos visto pela entidade patronal e fez uma greve muito corajosa, e o das trabalhadoras da Triumph”. “Para um Presidente que é tão presente, quando não é tão presente assim notam-se melhor as ausências”, realça.