Lítio

Savannah pressiona Governo para obter servidão administrativa de terrenos no Barroso

15 de abril 2025 - 10:44

Empresa britânica quer avançar com trabalhos da mina de lítio contestada pela população. Também apresentou um pedido urgente de Declaração de Utilidade Pública para conseguir expropriar 472 parcelas de terrenos.

PARTILHAR
Trabalhos da mina de lítio no Barroso. Foto da Savannah
Trabalhos da mina de lítio no Barroso. Foto da Savannah

A empresa mineira britânica Savannah Resources, que pretende explorar uma mina de lítio no Barroso contestada pela população local e pelos movimentos ambientalistas, revelou esta segunda-feira ao Jornal de Negócios que apresentou ao Governo um “pedido adicional de servidão administrativa” para ter acesso a terrenos que considera serem essenciais para o seu projeto.

O pedido surge depois de um “acesso imediato” a 46 hectares lhe ter sido concedido por um despacho no final do ano passado assinado por Maria João Pereira, ex-secretária de Estado da Energia. Esta acabou por ser afastada do cargo por supostamente ter tomado a decisão sem conhecimento da ministra do Ambiente e da Energia.

Agora, “em apoio ao trabalho de campo e aos estudos geotécnicos necessários para desenvolver o plano detalhado da infraestrutura”, afirma a Savannah, um segundo pedido foi entregue, indicando-se “progredir positivamente rumo à conclusão do Estudo de Viabilidade do Projeto e da fase de licenciamento”, apontada para o segundo semestre deste ano.

Contudo, ao mesmo órgão de comunicação social, fonte oficial do Ministério do Ambiente e da Energia desmentiu que tal pedido tenha chegado aos gabinetes da ministra ou do secretário de Estado da Energia.

A servidão administrativa anterior terá permitido “retomar o trabalho de campo e as perfurações necessárias, incluindo uma segunda fase de sondagens”, segundo a Savannah. Esta fase, dizia em dezembro o Ministério do Ambiente e Energia, não implicava expropriação mas obrigava os proprietários a permitir o uso da área “mediante o pagamento de uma indemnização pelos danos causados por essa utilização” como o fim de “prospeção e pesquisa”, visando “avaliar os depósitos minerais no âmbito da concessão da mina do Barroso”.

E se a decisão custou o cargo à então secretária de Estado, a ministra Graça Carvalho também não tardou em colocar-se do lado da empresa contra o movimento Unidos em Defesa de Covas de Barroso, que tinha apresentado uma providência cautelar que chegou a parar os trabalhos. A governante permitiu a continuação destes, alegando que “a suspensão seria gravemente prejudicial para o interesse público”.

A empresa apresentou ainda um pedido de “Declaração de Utilidade Publica” com caráter de urgência que espera poder fazê-la avançar com expropriações de 472 parcelas nas freguesias de Covas do Barroso e Vilar e Viveiro, pretendendo assim “comprar compulsoriamente” as propriedades que não conseguiu adquirir através do programa de aquisição de terrenos que lançou com o objetivo de ficar com 600 hectares e construir a mina.