Ricardo Salgado condenado a seis anos de prisão efetiva

07 de março 2022 - 17:38

O tribunal deu como provada a quase totalidade dos factos constantes na acusação do processo da operação Marquês, em que o antigo banqueiro estava acusado de desvio de cerca de 10,6 milhões de euros e de três crimes de abuso de confiança.

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Ricardo Salgado - Foto de Miguel A. Lopes/Lusa (arquivo)

O Tribunal condenou Ricardo Salgado, que não esteve presente no julgamento, a seis anos de prisão efetiva. Segundo a CNN, o tribunal deu como provada a quase totalidade dos factos constantes na acusação.

O Ministério Público, que tinha pedido para o antigo banqueiro uma pena não inferior a dez anos pelos três crimes de abuso de confiança, considera que os crimes foram dados como provados face à medida das penas. A defesa pedia a absolvição do ex-banqueiro devido a ter 77 anos.

Na última sessão do julgamento, o procurador Vítor Pinto afirmou: “Parecem-nos decisivos os elevadíssimos montantes de que o arguido se apropriou. São quantias que, em cada uma delas, 95% da população portuguesa não conseguirá auferir durante toda uma vida de trabalho”, sublinhando a “especial obrigação” do ex-banqueiro em não cometer estes crimes, a motivação “manifestamente egoísta”, a “persistência criminosa” e a “ausência de arrependimento”.

Segundo a Lusa, o presidente do coletivo de juízes, Francisco Henriques, que deu como provada “a quase totalidade dos factos constantes da acusação”, acrescentando que “principalmente, relativamente aos três grandes grupos factuais - os movimentos financeiros com a Green Emerald, da Enterprises diretamente para o arguido e os movimentos para a conta da Begolino”.

Francisco Henriques notou que “a prova destes factos assenta essencialmente em prova documental e no depoimento das testemunhas ouvidas, designadamente o inspetor tributário Paulo Silva”, realçando terem ficado igualmente provadas “as condições sociopessoais do arguido” e a atribuição do diagnóstico de doença de Alzheimer.

O juiz Francisco Henriques afirmou que, perante “a decisão condenatória em prisão efetiva, encontram-se ligeiramente alteradas as exigências cautelares” deste caso e, lembrando as “ligações estreitas” de Ricardo Salgado por via da família que tem a residir na Suíça, impôs a entrega do passaporte e a proibição de se ausentar para o estrangeiro sem autorização.

A defesa já anunciou que vai recorrer da sentença.