Depois de o primeiro-ministro ter respondido às perguntas enviadas há uma semana pelo Bloco de Esquerda relativamente à sua empresa, Mariana Mortágua considerou esta segunda-feira que estas apenas repetem as explicações que já têm sido dadas no comunicado da Spinumviva e “nada mais é acrescentado”.
Por isso, o partido mantém também a sua conclusão: “Luís Montenegro não esteve em exclusividade enquanto era primeiro-ministro” e “as avenças que recebia antes de ser primeiro-ministro são as mesmas avenças que continua a receber enquanto primeiro-ministro”.
As respostas confirmam ainda que “a empresa era de Luís Montenegro e que Luís Montenegro era a empresa”, tendo sido ele a angariar clientes, prestar serviços, contratar avenças e recebê-las. Outra coisa fica nelas confirmada: “a forma como o primeiro-ministro quis esconder e fugir deste debate”. A coordenadora do Bloco lembra que quando foi ao Parlamento, o primeiro-ministro “apresentou esta empresa como uma empresa criada para gerir património familiar”. Fica agora comprovado que a empresa “não é uma empresa para gerir uma herança”, é “uma empresa criada por uma pessoa e que presta serviços de consultoria através de avenças”.
A dirigente bloquista critica ainda Montenegro por só ter revelado estas avenças “depois disso ter sido reportado pela comunicação social” e de só anunciar que iria pedir escusa também posteriormente a este facto.
Considerando que o primeiro-ministro não respondeu, o Bloco mantém essas perguntas, nomeadamente quais são os clientes não regulares da Spinumviva e quais foram exatamente os serviços prestados.
Na sua resposta, Montenegro “fala de descrições genéricas do que são serviços em consultoria sobre regimes de autenticação de dados”. Mas, considera Mariana Mortágua, “é legítimo que se pergunte o que é que uma empresa de farmácias ou o que é que uma empresa de metalurgia faz para justificar avenças de milhares de euros por mês sobre proteção de dados”. E “não há nada na resposta do primeiro-ministro que permita percebermos isto”. O mesmo é afirmado acerca de quem são os colaboradores “que às vezes são colaboradores permanentes, outras vezes são prestadores de serviços”, não se sabendo quem é que estava associado a cada atividade, se estavam lá antes ou se só chegaram depois, pois “há informações e declarações contraditórias a este respeito”, nem os valores que estão associados a cada um destes serviços.
A resposta do Bloco é assim a mesma de há uma semana: “Não temos confiança no primeiro-ministro. Nenhuma das informações reveladas nos permite alterar a conclusão que tínhamos retirado”, já que este manteve avenças “enquanto primeiro-ministro de uma empresa que era sua, escondeu dados importantes e continua a esconder sobre a sua empresa”.