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“Resposta à crise não pode significar um recuo do que se fez nos últimos anos”

Em entrevista ao Público e à Renascença, Catarina Martins defendeu uma resposta à crise focada na promoção do emprego com direitos e no direito à habitação, que passe pela conversão do alojamento local em arrendamento de longa duração a preços comportáveis.
Em relação à situação da TAP, Catarina Martins voltou a defender a nacionalização da companhia. “Não pode ser pagar e não mandar. Para Novo Banco, já basta um”, disse.
Em relação à situação da TAP, Catarina Martins voltou a defender a nacionalização da companhia. “Não pode ser pagar e não mandar. Para Novo Banco, já basta um”, disse. Fotografia de Paulo Novais/Lusa.

Para responder à crise financeira causada pela pandemia da covid-19 será necessário um novo patamar de medidas sociais e económicas, foi esta a mensagem de Catarina Martins em entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença.

À pergunta sobre se o partido poderia viabilizar o orçamento suplementar que será apresentado, Catarina voltou a afirmar que está disponível para a construção de soluções, mas que a resposta dada à crise não pode significar um recuo do que foi recentemente conquistado. 

“A resposta à crise não pode significar um recuo do que se fez nos últimos anos, não pode significar cortes nem nos rendimentos nem nos direitos. Vai ser preciso um novo patamar de medidas sociais e económicas para suportar o país. Se uma família perde a casa agora, como é que vai reconstruir a sua vida?”, questionou a coordenadora do Bloco de Esquerda. 

Como exemplo de medidas de resposta à crise, Catarina Martins focou-se nas respostas na área da habituação e emprego. Referindo o setor do turismo e alojamento local como exemplo, defendeu uma resposta “estrutural” que passe por colocar as casas do alojamento local que se encontram vazias “no mercado de arrendamento de longa duração com preços compagináveis com os salários que são pagos em Portugal” ao invés de deixá-las vazias à espera do final da crise.

Outro exemplo foram os cerca de quatro mil desempregados que se voluntariaram nos centros de emprego para irem apoiar cuidados em lares de idosos. “Em vez de terem um contrato de trabalho, têm uma bolsa. O Estado deve apoiá-las, mas não é para as manter na situação de desemprego. É para lhes garantir o emprego e um contrato de trabalho”, defendeu.

Quando questionada sobre um possível ajustamento de propostas como o aumento do salário mínimo para 750 euros, aumentos salariais na função pública e 25 dias de férias, a coordenadora bloquista ressalvou que a crise não pode ser combatida “empobrecendo quem já não tem quase nada”. 

“É praticamente impossível viver em Portugal com o salário mínimo nacional e mesmo com o salário médio”, disse, defendendo que após esta pandemia de covid-19 ficou claro para a grande maioria das pessoas que quem presta cuidados em lares de idosos ou trata das limpezas em hospitais tem uma profissão importantes e não podem continuar a ganhar o salário mínimo.

As declarações da UGT sobre um possível adiamento do aumento de 0,3% da função pública valeram críticas da coordenadora do Bloco de Esquerda, lembrando ainda que o discurso da troika era esse mesmo e que "sempre que se corta de um lado, acaba a cortar-se em todos os trabalhadores”. 

“É muito estranho que uma confederação sindical dedique mais tempo a achar que 0,3% em salários de pessoas que têm salários congelados há mais de uma década e que estão na linha da frente da resposta a esta crise é muito, em vez de negociar o aumento de salários no sector privado, que é o que devia estar a fazer”, criticou. 

Em relação à situação da TAP, a coordenadora do Bloco de Esquerda voltou a defender a necessidade de esta ser uma empresa pública. “Uma empresa que precisa tanto de apoio público” não poderá ir contra aquilo que o próprio Governo pede, como acontece no caso das rotas aéreas. “Não pode ser pagar e não mandar. Para Novo Banco, já basta um”, concluiu.

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