Condenado por crimes de injúrias à Coroa e apoio ao terrorismo nas suas canções e tweets, o rapper Pablo Hasél já tinha anunciado que não se iria apresentar na prisão na data fixada, a passada sexta-feira. Esta segunda-feira, na companhia do comité de solidariedade que o apoia, decidiu fechar-se na Universidade de Lleida, para onde está prevista uma concentração solidária ao fim da tarde.
“Estou fechado com bastantes solidários na Universidade de Lleida, terão de rebentá-la para deter-me e prender-me”, anunciou o artista nas redes sociais.
Estoy encerrado junto a bastantes solidarios en la Universitat de Lleida, tendrán que reventarla para detenerme y encarcelarme. Es en el Rectorat de Rambla d'Aragó por si alguien de por aquí quiere echar una mano.https://t.co/QG34jYPSU3
— Pablo Hasel (@PabloHasel) February 15, 2021
Na semana passada, o governo espanhol voltou a prometer mudanças na lei para que casos como o de Hasél deixem de acarretar penas de prisão. Mas mesmo que venha a concretizar a promessa, isso já não se aplicará ao seu caso. O artista decidiu não seguir o exemplo de outro rapper, Valtònyc, que fugiu para a Bélgica para escapar à prisão pelos mesmos crimes. Hasél acredita que a prisão será a sua próxima barricada na luta contra o Estado que o quer ver atrás das grades por dizer e cantar aquilo que pensa.
Ex-governantes catalães devem voltar à prisão, defende a Procuradoria
Ao fim de semanas de campanha eleitoral em que se ouviram múltiplos apelos ao “virar de página” no conflito catalão, bastaram poucas horas após se saber o veredito das urnas para a Procuradoria vir anunciar que interpôs recurso contra a passagem dos nove presos do “procés” ao regime de terceiro grau, que lhes permite cumprir parte da longa pena fora do estabelecimento prisional. O recurso pede ainda que sejam suspensas de imediato as saídas dos presos até haver uma decisão final. A palavra final cabe agora aos juízes de execução de pena.
A notícia caiu como uma bomba nos meios independentistas, que no domingo alcançaram uma vitória que almejaram durante muitos anos: obter não apenas 50% dos deputados, mas também mais de 50% dos votos do eleitorado catalão.
“É a resposta de um Estado vingativo aos resultados de ontem. Mas a cidadania exprimiu-se com clareza: a Esquerda Republicana vai liderar uma nova etapa e tudo fará pelo fim da repressão e pela autodeterminação”, afirmou a porta-voz da ERC, o partido independentista mais votado. Na mesma conferência de imprensa, Marta Torres afirmou que o partido vai dar início a conversações com o Junts, a CUP e o En Comú Podem para formar governo, reafirmando ser “impossível” qualquer acordo com os socialistas, que foram o partido mais votado no domingo.
Também Carles Puigdemont, que viu o seu partido Junts passar para a terceira posição, com menos um deputado do que a ERC, reagiu a partir do exílio belga: “Diziam que queriam ‘virar a página’, quando na realidade queriam dizer ‘deixar passar as eleições”, ironiza o antigo líder do governo catalão. Para o Junts, a maioria que sustenta o próximo governo deveria ser constituída pelas forças independentistas, ou seja, com a ERC e a CUP.
A vitória do PS catalão, apesar de obter o melhor resultado das últimas décadas, não significa que este consiga reunir maioria para governar, à semelhança do que aconteceu ao Ciudadanos quando venceu as eleições anteriores. E apesar de Salvador Illa ter anunciado na noite eleitoral que se apresentará à investidura, é pouco provável que isso aconteça, dado que a lei que regula a formação de governos na Catalunha dá ao presidente do Parlamento o poder de propor ao plenário um candidato ou candidata, após consultar os partidos.