Questionado pelos jornalistas no Parlamento sobre as declarações do autarca socialista de Loures que apoiou a proposta do Chega no sentido de despejar das habitações municipais quem tenha participado nos distúrbios das últimas semanas, Fabian Figueiredo diz que “não é a primeira nem a segunda nem a terceira declaração pública que Ricardo Leão faz e que podia ter sido dita pelo Chega”.
O líder parlamentar bloquista, que foi duas vezes candidato à Câmara de Loures e conhece bem a realidade do concelho, acrescentou que “toda a gente que o conhece, mesmo no Partido Socialista, sabem que isto não foi um lapso nem um momento menos bom de Ricardo Leão”.
“Há declarações extremamente infelizes e graves sobre refeições escolares. O PS já ameaçou cortar as refeições escolares a crianças cujos pais se atrasem no pagamento. Há declarações recentes em que Ricardo Leão se gaba de ter feito o maior despejo da história, 550 pessoas. Este terceiro episódio não nos surpreende e é coerente com a intervenção pública de Ricardo Leão, que decidiu desde o início do seu mandato mimetizar o discurso da extrema-direita”, prosseguiu.
Não é a 1, 2 ou 3 vez que Ricardo Leão mimetiza o discurso e as propostas da extrema-direita. É mais a regra do que a exceção.
Em 2022 anunciou que ia rever o regulamento das refeições escolares para poder cortar o acesso às crianças de encarregados de educação em dívida. pic.twitter.com/gRaHNu6T2Z— Fabian Figueiredo (@ffigueiredo14) November 4, 2024
Por essa razão, acrescentou Fabian Figueiredo, a posição do autarca sobre os despejos das habitações municipais “não é um acaso, não é uma escorregadela, é uma coerência infeliz do presidente da Câmara de Loures, que decidiu fazer um mandato do ponto de vista retórico mas também do ponto de vista prático apoiando-se no discurso e nas políticas da extrema-direita”. Cabe por isso ao PS “refletir se entende que se deve fazer representar por pessoas como Ricardo Leão, que dizem o que o Chega gosta de ouvir”, defendeu o dirigente do Bloco.
“Portugal é um Estado de direito democrático. A proposta de alteração ao regulamento de habitação municipal é ilegal” e no Bloco “nós combatemos o discurso da extrema-direita, venha ele de onde vier”, concluiu.
Apesar das críticas de vários dirigentes e ex-goveernantes socialistas às declarações do autarca, o líder do PS desvalorizou esta segunda-feira aquelas posições, afirmando que foram apenas “um momento menos bom” do autarca e recém-eleito líder da federação socialista da região de Lisboa.