Loures

PS segura autarca “que diz o que o Chega gosta de ouvir”

04 de novembro 2024 - 16:13

Fabian Figueiredo diz que as palavras do autarca de Loures a favor do despejo “sem dó nem piedade” de quem participe em distúrbios “é uma coerência infeliz” com declarações semelhantes feitas ao longo do mandato.

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Pedro Nuno Santos e Ricardo Leão
Pedro Nuno Santos e Ricardo Leão no Congresso da FAUL. Foto Ana Rocha Nené/PS

Questionado pelos jornalistas no Parlamento sobre as declarações do autarca socialista de Loures que apoiou a proposta do Chega no sentido de despejar das habitações municipais quem tenha participado nos distúrbios das últimas semanas, Fabian Figueiredo diz que “não é a primeira nem a segunda nem a terceira declaração pública que Ricardo Leão faz e que podia ter sido dita pelo Chega”.

O líder parlamentar bloquista, que foi duas vezes candidato à Câmara de Loures e conhece bem a realidade do concelho, acrescentou que “toda a gente que o conhece, mesmo no Partido Socialista, sabem que isto não foi um lapso nem um momento menos bom de Ricardo Leão”.

“Há declarações extremamente infelizes e graves sobre refeições escolares. O PS já ameaçou cortar as refeições escolares a crianças cujos pais se atrasem no pagamento. Há declarações recentes em que Ricardo Leão se gaba de ter feito o maior despejo da história, 550 pessoas. Este terceiro episódio não nos surpreende e é coerente com a intervenção pública de Ricardo Leão, que decidiu desde o início do seu mandato mimetizar o discurso da extrema-direita”, prosseguiu.

Por essa razão, acrescentou Fabian Figueiredo, a posição do autarca sobre os despejos das habitações municipais “não é um acaso, não é uma escorregadela, é uma coerência infeliz do presidente da Câmara de Loures, que decidiu fazer um mandato do ponto de vista retórico mas também do ponto de vista prático apoiando-se no discurso e nas políticas da extrema-direita”. Cabe por isso ao PS “refletir se entende que se deve fazer representar por pessoas como Ricardo Leão, que dizem o que o Chega gosta de ouvir”, defendeu o dirigente do Bloco.

“Portugal é um Estado de direito democrático. A proposta de alteração ao regulamento de habitação municipal é ilegal” e no Bloco “nós combatemos o discurso da extrema-direita, venha ele de onde vier”, concluiu.

Apesar das críticas de vários dirigentes e ex-goveernantes socialistas às declarações do autarca, o líder do PS desvalorizou esta segunda-feira aquelas posições, afirmando que foram apenas “um momento menos bom” do autarca e recém-eleito líder da federação socialista da região de Lisboa.