Está aqui
Protestaram, foram filmados e… despedidos da Casa da Música
Os trabalhadores precários da Casa da Música fizeram uma vigília esta segunda-feira em frente à instituição. Certamente não esperariam o desfecho: meia hora depois do protesto ter terminado, oito assistentes de sala que estiveram presentes receberam um e-mail do seu superior hierárquico a comunica-lhes que estavam dispensados de trabalho que tinha sido já agendado para junho.
Outros trabalhadores não presentes no protesto também receberam um e-mail semelhante. Ao todo foram 13. Todos eles tinham assinado um abaixo-assinado em abril sobre a sua situação, que contou com cerca de uma centena de subscritores.
São os próprios que contam a história em comunicado. Dizem que sofreram “represálias” por se manifestarem e que se juntam assim “aos técnicos de palco, que trabalham a tempo inteiro na Casa da Música há 15 anos e foram também proscritos” depois de terem subscrito um abaixo-assinado em abril. Estes foram “sujeitos a reuniões individuais intimidatórias, com diretores e coordenadores” e, perante “ameaças explícitas de represálias” vários acabaram mesmo por retirar assinaturas desse documentos. Dois técnicos que mantiveram a assinatura e que trabalhavam para a Casa da Música há 15 anos “em situação de falsos recibos verdes, diariamente e muitas vezes com horários desumanos” e da qual provinha a totalidade do seu rendimento, não voltaram a ser chamados para trabalhar.
Também os músicos-formadores do Serviço Educativo foram informados pelo coordenador que “não são trabalhadores da Casa da Música. São colaboradores, prestadores de serviços” e que poderiam receber “sob a forma de bolsa de horas, valores que seriam diluídos em trabalho a realizar gratuitamente no futuro”. Garantiu ainda que “este critério foi aplicado a todos os setores da Casa que têm pessoas na mesma situação”. Mas, contrariam os precários, isto “não era verdade, porque as medidas aplicadas foram muito diferenciadas: desde trabalhadores a receber 75% dos serviços cancelados, a receber apenas bolsas de horas e a não receber absolutamente nada”.
Também vários músicos do Coro e da Orquestra Barroca “foram chamados a reunir individualmente com o Diretor Artístico e o coordenador dos agrupamentos, que lhes perguntaram porque tinham assinado o abaixo-assinado”.
Filmados no protesto
Os trabalhadores denunciam ainda que um operador de câmara os tentou filmar antes de começar a sua vigília. Quando lhes perguntaram para quem trabalhava respondeu: “para a Casa da Música!” Chamado, alegam, pelo coordenador técnico, Ernesto Costa.
Este operador de câmara não foi autorizado a filmar antes do protesto. Contudo “fê-lo durante a vigília, onde se demorou a registar cada um dos participantes num vídeo a entregar depois aos responsáveis da instituição”.
Foi cerca de meia hora depois que chegou o mail onde se podia ler que “não será necessária a vossa presença nos concertos anteriormente alocados.” Os dispensados sabem que, assim, “cada concerto ficou apenas com 4 assistentes, o que mostra que a Casa da Música afastou os signatários do abaixo-assinado para recorrer a outros trabalhadores em sua substituição”.
Os trabalhadores concluem que “ao silêncio deste Conselho de Administração e da Direção junta-se agora a confirmação de como se atua na Casa da Música: com ameaças, com represálias, com um clima antidemocrático”.
“Grave de mais para agirmos como se fosse apenas mais um abuso”
O deputado José Soeiro já reagiu ao sucedido, entregando imediatamente e com caráter de urgência um pedido de audição da administração da Casa da Música, da Autoridade para as Condições de Trabalho e dos representantes dos trabalhadores na Comissão Parlamentar do Trabalho e da Segurança Social.
Nas redes sociais, Soeiro considerou que o que se está a passar “é grave de mais para agirmos como se fosse apenas mais um abuso”. E sublinhou que “quando achávamos que não era possível descer mais baixo, eis que a Administração da Casa da Música nos mostra que é sempre possível expandir as fronteiras do repugnante”.
Anexo | Tamanho |
---|---|
Audição, com caráter de urgência, da administração da Casa da Música | 48.64 KB |
Comentários
Casa da Música + Serralves =
Casa da Música + Serralves = Vergonha Social e Cultural no Porto e em Portugal
Fascismo Nunca Mais?!?
Fascismo Nunca Mais?!?
Todo o Apoio aos Trabalhadores da Casa da Música
Todo o apoio aos trabalhadores e total repúdio pela atitude autoritária dos Administradores da Casa da Música.
Neste acto vil contra os mais frágeis tem de haver consequências e solidariedade.
Todos somos Casa da Música, todos a protestar frente à Casa.
E a boicotar esta gestão.
E toda a solidariedade e sucesso para a iniciativa do deputado José Soeiro.
Adicionar novo comentário