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PP ganha eleições municipais, Sánchez convoca eleições antecipadas

Os populares ganharam as eleições municipais espanholas, absorvendo todos os votos do partido Ciudadanos, que praticamente desapareceu. O PP, com 31,5% dos votos, mais nove pontos do que em 2019, arrebatou ao PSOE as principais comunidades e governará em todas as grandes cidades, com exceção de Barcelona.
A resposta política dos socialistas à derrota eleitoral não se fez tardar, com o líder do Governo a anunciar a convocação de eleições para o próximo dia 23 de julho. “Assumo pessoalmente os resultados e creio ser necessário dar uma resposta. Muitos presidentes com gestões impecáveis deixaram de o ser. Tudo isso aconselha uma clarificação dos espanhóis sobre as forças políticas que devem liderar esta fase. O melhor é que os espanhóis tenham a palavra para definir o rumo político do país”, afirmou esta segunda-feira o líder do PSOE e primeiro-ministro Pedro Sánchez numa comunicação ao país.
Após a publicação oficial da convocatória de novas eleições, os partidos agora têm dez dias para declarar se pretendem concorrer em coligação e vinte dias para entregar as suas listas eleitorais. No campo à esquerda do PSOE, que preparava uma recomposição eleitoral liderada pela ministra do Trabalho Yolanda Díaz, em torno do projeto Somar, o anúncio da antecipação das eleições anteriormente previstas para dezembro teve o efeito imediato de levar o Podemos a anunciar a retoma das negociações para se poder juntar ao Somar.
Vox duplica votação
O partido de extrema-direita Vox é a força política que mais cresce, duplicando a sua votação. O partido de Santiago Abascal passou de 800.000 votos em 2019 para quase 1.600.000 e forçará Feijóo a alianças em governos autónomos e locais, como é o caso da Comunidade Valenciana, Aragão, Ilhas Baleares, Cantábria, Extremadura.
O Vox entra nos parlamentos autónomos de Castela La Mancha com quatro mandatos, Navarra com dois, Extremadura com cinco e Canárias com três. Galiza passa a ser o único parlamento regional em que o Vox não tem representação.
PSOE tem pior resultado desde 2011
Os socialistas somaram 28,2% dos votos, um ponto a menos do que há quatro anos atrás.
O PSOE perdeu a joia da coroa do poder municipal socialista, Sevilha. Mas o desaire eleitoral estava só a começar. Os socialistas também perderam Huelva e Granada. Seguiu-se a derrota inesperada de Óscar Puente em Valladolid. Jaume Collboni não conseguiu vencer Xavier Trias, do Juntos pela Catalunha, em Barcelona e Sandra Gómez não conquistou a autarquia de Valência, que também estava na mira eleitoral do PSOE. Os socialistas também perderam Castellón.
Pedro Sánchez assistiu ainda à queda de comunidades autónomas como Valência, Aragão, Extremadura, Ilhas Baleares, La Rioja. Foi o pior resultado desde 2011.
Podemos: "A democracia está ferida de morte"
O Unidas Podemos desapareceu da Comunidade de Madrid, Valência e Ilhas Canárias. A coligação que o Podemos integra na maioria das localidades com a Esquerda Unida e a Aliança Verde, fica de fora de três parlamentos autónomos e deixa cinco dos seis governos regionais em que mantinha presença. Uma derrota quantificada na perda de presença nos parlamentos autonómicos: de 47 deputados passou agora para 13.
Na Comunidade de Madrid, com a Unidas Podemos fora do parlamento, a representação política à esquerda fica entregue ao Más Madrid, que continua a ser a segunda força política da região, com o mesmo número de eleitos do PSOE (27, ambos conquistando mais três assentos), numa eleição em que o PP conseguiu a maioria absoluta com 71 deputados (mais seis que em 2021) e a extrema-direita do Vox viu a sua representação baixar de 13 para 10 deputados.
Os candidatos do Podemos-IU-AV de Madrid à Assembleia e à Câmara Municipal, Alejandra Jacinto e Roberto Sotomayor, reconheceram os "maus resultados" da coligação e apelaram à "unidade" da esquerda transformadora.
"Vejo com preocupação o desvio da reação que vemos em todo o país. São dados muito nefastos para o bloco progressista", frisou Sotomayor. O representante do Podemos alertou que "a democracia está ferida de morte".
O responsável de Organização da Esquerda Unida, por sua vez, afirmou que os resultados não são maus só para a esquerda, “mas também para as famílias trabalhadoras, que podem enfrentar um retrocesso em direitos sociais e políticos”.
Nas localidades onde o Podemos e a Esquerda Unida não apresentaram candidatura comum, esta última ganhou destaque.
EH Bildu: O tsunami político em Euskadi
Em Euskadi/País Basco, a EH Bildu ameaça a liderança do Partido Nacionalista Basco (PNV), superando-o em Vitoria, empatando em São Sebastião e tomando a dianteira en Guipúzcoa. O PNV sofre uma queda de 40.000 votos face a 2019 nas três capitais bascas.
Eneko Goia (PNV) mantém-se na liderança de São Sebastião por apenas 800 votos de diferença sobre Juan Karlos Izagirre (EH Bildu), mas ambos os partidos contarão com oito vereadores. A coligação de Arnaldo Otegi governará em Vitoria se a socialista Maider Etxebarria não assegurar o apoio do PNV e do PP basco.
Bloco Nacionalista Galego é o que mais sobe nas cidades
Na Galiza, o Bloco Nacionalista Galego foi o partido que mais viu aumentar a sua votação nas eleições municipais em todas as cidades, nalguns casos duplicando e mesmo triplicando a representação, mantendo a autarquia de Pontevedra e conquistando a de Santiago de Compostela, onde foi o segundo maior partido, ultrapassando o PS galego. "Fizemos história com Goretti Sanmartín como a primeira alcaldesa de Compostela, a capital da Galiza", congratulou-se a líder do BNG, Ana Pontón.
Em termos gerais, o BNG obteve 17,25% dos votos (mais cinco pontos percentuais que em 2019) e elegeu 590 autarcas (mais 134) e deverá governar em mais municipios do que há quatro anos, embora isso vá depender de acordos políticos a negociar nas próximas semanas.
Notícia atualizada às 10h45 de 29 de maio com a informação da convocação de eleições antecipadas por parte de Pedro Sánchez. Atualizada às 18h com informação sobre Madrid e Galiza.
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