Poluição

Poluição do ar mata a cada dia 100 crianças com menos de cinco anos na Ásia Oriental

11 de fevereiro 2025 - 14:34

A poluição atmosférica está fortemente espalhada por toda esta região onde vivem 500 milhões de crianças. Unicef diz que as suas vidas e crescimento estão em risco.

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Criança e poluição do ar no Vietname
Criança e poluição do ar no Vietname. Foto: Pham Ha Duy Linh/Unicef.

Um relatório da Unicef estima que a poluição atmosférica esteja ligada à morte de cem crianças com menos de cinco anos todos os dias na Ásia Oriental e no Pacífico. A poluição atinge o seu máximo durante a estação seca que se está a viver agora e durará até abril.

Em Banguecoque, capital da Tailândia, assinala a mesma organização da ONU, os níveis de poluição estão a levar ao encerramento de escolas.

Mas a poluição atmosférica forte está espalhada por toda esta região onde vivem 500 milhões de crianças no total. Mais de metade delas, 325 milhões, vivem em países que têm um nível médio anual de partículas que excede em cinco vezes os máximos recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Mais ainda, 373 milhões, vivem em países com níveis prejudiciais de dióxido de azoto. E quase todas, 453 milhões, vivem em países onde os níveis de referência da OMS de ozono são ultrapassados.

A poluição do ar é causada pela queima de combustíveis fósseis, combustíveis de biomassa e resíduos agrícolas, que também geram gases com efeito de estufa que provocam as alterações climáticas. Nas casas, está associada à queima de combustíveis sólidos para cozinhar e aquecer.

June Kunugi, diretora regional da instituição, alerta que cada fôlego pode “causar danos” às crianças da região. Acrescenta que, para além das mortes, “o ar que respiram, numa altura em que os seus corpos e mentes ainda estão em desenvolvimento, contém frequentemente níveis de poluição prejudiciais que podem comprometer o seu crescimento, prejudicar os seus pulmões e prejudicar o seu desenvolvimento cognitivo.”

Os riscos da poluição, de acordo com a Unicef, começam no útero com riscos de nascimento prematuro e baixo peso à nascença, prolongam-se pela primeira infância, intensificados pelo facto de as crianças respirarem mais rapidamente e fazerem-no mais ao nível de poluentes como os escapes de carro.

Para as crianças de baixos rendimentos, que vivem em zonas mais afetadas pela poluição, perto de fábricas ou auto-estradas, há ainda mais riscos que se vão materializando em doenças crónicas como as cardiovasculares e a diabetes.

Kunugi defende que se se resolvesse o problema haveria “enormes melhorias” ao nível da saúde, educação e bem-estar, com efeitos que se espalhariam por todas estas “sociedades e economias”. Para ela, tal não é uma utopia: “as soluções existem e o nosso futuro coletivo depende de as implementarmos”.

A sua organização defende que os governos devem fortalecer políticas ambientais, fazer a transição para energias limpas e aplicar os padrões de qualidade da OMS para “proteger a saúde das crianças”. Há que implementar programas que reduzam a exposição das crianças à poluição do ar e que passam por soluções como a ventilação de chaminés e sistemas de aquecimento mais limpos, melhorar a monitorização da qualidade do ar e reforçar os sistemas de saúde para lidar com as doenças relacionadas com a poluição e investir em sistemas de gestão de resíduos médicos mais limpos.

Para as empresas, a mensagem é que deveriam “adotar energias limpas, reduzir emissões e garantir que as suas práticas e produtos dão prioridade à segurança e bem-estar das crianças”.