Depois de os níveis de participação terem sido os mais altos desde 1989, com cerca de 73% dos eleitores a votarem, a noite eleitoral polaca deste domingo foi sacudida pelas projeções à boca da urna que davam uma vitória do partido governante, o PiS, Partido da Lei e da Justiça, mas sem a maioria necessária para governar. Donald Tusk, o candidato da maior coligação da oposição, não tardou em reivindicar uma outra maioria de governo que incluiria o terceiro partido mais votado, de centro direita, e a Nova Esquerda.
Esta segunda-feira de manhã, ainda sem resultados conclusivos, uma projeção da IPSOS confirmava a tendência: o PiS poderá alcançar 36.6% dos votos, a Coligação Cívica 31%, a Terceira Via 13,5% e a Nova Esquerda, o Lewica, 8,6%. Uma projeção que resultaria em 248 deputados em 460 para estes três partidos. Bem abaixo do esperado ficou a coligação de extrema-direita Confederação com 6,4% dos votos.
As declarações dos principais candidatos confirmam a tendência do resultados. Tusk, que foi primeiro-ministro entre 2007 e 2014 e mais tarde presidente do Conselho Europeu, regozijava-se que “a democracia ganhou”, que “é o fim dos tempos maléficos, é o fim do governo do PiS”, ao passo que o líder deste partido, Jaroslaw Kaczynski, falava numa vitória, destacava a “esperança” de continuar com o seu projeto “independentemente de ser no poder ou na oposição”.
O caminho para este possível novo governo poderá ser longo, uma vez que o presidente Andrzej Duda é aliado do PiS e espera-se que convide, em primeiro lugar, o partido de extrema-direita a formar governo, apesar de ser altamente improvável que o consiga caso se confirme este quadro parlamentar.
Ainda assim, a derrota da extrema-direita pode abrir um novo capítulo na política interna e nas suas relações com as instituições europeias. O governo “nacionalista” polaco tem vindo, desde 2015, a atacar a independência das instituições judiciais e académicas, a controlar meios de comunicação social, a atacar direitos LGBT e das mulheres.