Após mais um dia de manifestações que levou à detenção de pelo menos 180 manifestantes, a polícia de Hong Kong veio a público tecer elogios à lei da segurança nacional anunciada por Pequim.
Em comunicado, Tang Ping-keung, comissário da polícia de Hong Kong, declara que esta mudança legislativa abrirá caminho à restauração da ordem social e ao combate às forças independentistas.
“A polícia apoia por completo e cumprirá as obrigações para manter a segurança nacional e garantir a segurança e a estabilidade de Hong Kong”, afirmou.
O comunicado, ao qual a agência Lusa teve acesso, faz ainda referência à apreensão de explosivos, informando que foram registados 14 casos de uso e posse de explosivos e 5 apreensões de armas de fogo e munições desde o início das manifestações em junho de 2019.
“Ao enfrentar os tumultos e as forças radicais ‘independentistas de Hong Kong’ (…), a polícia percebeu profundamente que Hong Kong está num ponto de risco da segurança nacional e é necessário tomar medidas eficazes para evitar que a situação se deteriore”, argumentaram.
A manifestação de 24 de maio levou à detenção de pelo menos 180 pessoas sob acusações de participação “numa manifestação ilegal” e de “conduta desordeira num local público”.
A proposta de lei apresentada por Pequim será discutida nos próximos dias e abrirá caminho a que as forças de segurança chinesas tenham intervenção direta no território de Hong Kong, naquilo a que os críticos consideram ser o fim do princípio de “um país, dois sistemas”.
Apresentada pelo primeiro ministro chinês, a proposta de lei procura alegadamente combater o terrorismo, separatismo, subversão do poder e interferência estrangeira.
Já os ativistas pró-democracia consideram que é principalmente uma tentativa de Pequim pôr fim ao movimento político pela democracia de Hong Kong.
A ser aprovada, a lei permitirá criar bases dos serviços secretos chineses e das suas agências de segurança no território de Hong Kong. Ou seja, se até ao momento a intervenção no terreno competia ao governo local, agora a China poderá intervir diretamente.
Foi o próprio ministro dos Negócios Estrangeiros chinês que o admitiu em debate no parlamento do país: "Os atos violentos e terroristas continuam a aumentar e as forças estrangeiras interferiram profunda e ilegalmente nos assuntos de Hong Kong", referiu o ministro, considerando tratar-se de um “perigo imediato para a segurança nacional”, explicando que a lei de segurança nacional quer proibir a “traição, secessão, sedição (e) subversão”.
No próprio dia em que a proposta foi tornada pública, Carrie Lam, chefe do Executivo de Hong Kong, afirmou estar pronta para "cooperar totalmente" com Pequim para fazer cumprir a lei de segurança nacional.
Hong Kong terá eleições para o seu parlamento já em setembro. Recentemente, as eleições locais viram a ala pró-Pequim perder em 17 dos 18 distritos.