Plínio de Arruda Sampaio nasceu em São Paulo, em 1930. Começou a sua atividade política na Juventude Universitária Católica, entrando depois no já desaparecido Partido Democrata Cristão, pelo qual foi eleito deputado federal em 1962. Licenciou-se em Direito pela Universidade de São Paulo e foi promotor público. Durante o mandato de João Goulart (1961-1964), foi relator do Programa de Reforma Agrária do governo, abraçando uma causa que o viria a acompanhar a vida inteira.
Com o golpe de 1964, entrou na lista dos 100 primeiros brasileiros com os direitos políticos cassados pelo Ato Institucional nº1 e exilou-se no Chile e, mais tarde, nos Estados Unidos.
No final dos anos 70 voltou ao Brasil, retomando a militância, desta vez pela redemocratização e pela amnistia aos presos e perseguidos políticos.
Com a abertura política controlada empreendida pela ditadura, que levou ao fim do bipartidarismo (até então só havia dois partidos legais, a Arena, o partido da ditadura, e o MDB, de oposição “a sua majestade”), Plínio envolveu-se ativamente com a fundação do Partido dos Trabalhadores, concretizada em 1980.
[caption align="left"] Plínio, entre Lula e Eduardo Suplicy[/caption]
Em 1984, participou da campanha das "Diretas Já!", grande mobilização que levou ao fim da ditadura. Em 1985, assumiu o mandato de deputado federal e, em 1986, foi reeleito como o segundo mais votado do partido, atrás apenas de Lula e levantando a bandeira de uma reforma agrária que previa o fim dos latifúndios. Na Assembleia Nacional Constituinte, foi vice-líder do PT em 1987 e, em 1988, substituiu o então líder Luiz Inácio Lula da Silva no comando da bancada. Na elaboração da Constituição de 1988, foi relator da capítulo do Poder Judiciário.
“Sujeito malandrão”
Em 1989, Plínio de Arruda Sampaio ajudou a coordenar a campanha de Lula à Presidência. Mais tarde, diria que Lula "é uma figura admirável, sujeito malandrão, ótimo de coração", para acrescentar, em seguida: "um desastre" como presidente.
Em 1996, fundou o Correio da Cidadania, jornal semanal independente e mais tarde portal de informação. A importante iniciativa de construir um meio de comunicação alternativo dependeu, em grande parte, da doação integral da reforma que recebia como antigo parlamentar.
Sobre Lula, diria: "é uma figura admirável, sujeito malandrão, ótimo de coração", para acrescentar, em seguida: "um desastre" como presidente
Em 2005, candidatou-se à presidência do PT, disputando com Ricardo Berzoini, Valter Pomar, Raul Pont, Maria do Rosario e Markus Sokol, no Processo de Eleições Diretas (PED) que elegeu o novo Diretório Nacional do partido.
O processo terminou com a manutenção da corrente que há mais de dez anos comandava o partido e com denúncias feitas por Plínio de Arruda Sampaio da existência de um esquema de fraude na votação. "Vamos fazer um rebu (barulho) com isso. A eleição era uma grande oportunidade de essa gente (a corrente maioritária) rever os métodos de avaliação. Eu esperava que a crise pelo menos fizesse cair a ficha dessa gente", diria no dia da eleição.
“A mosca na sopa da burguesia”
Logo depois, abandonaria o PT, descontente com os rumos que o partido vinha tomado, e acabou, aos 75 anos, por aderir ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
Já em 2006, saiu candidato ao governo do Estado de São Paulo e, em 2010, aceitou a tarefa de sair candidato a presidente. Aos 80 anos, entusiasmou milhares de jovens. Era o candidato com mais idade naquelas eleições e, mesmo assim, não se intimidou e defendeu uma verdadeira mudança política, viajando por todo aquele país continental. "Nossa candidatura será a mosca na sopa da burguesia", afirmou.
Aos 80 anos, lançou-se candidato à Presidência pelo PSOL: "Nossa candidatura será a mosca na sopa da burguesia", afirmou.
Participou em vários debates televisivos, onde entusiasmou pelo discurso direto e desassombrado.
Num deles, olhando diretamente para o candidato do PSDB, José Serra, a quem deu abrigo nos tempos da ditadura na sua casa nos EUA, disse: "Eu fui da direita para a esquerda. Eu, que contribuí para você, menino da UNE, virar um menino da esquerda coerente. Mas você virou isso aí, de direita. Não ensinei direito", disse.
Lula é a 'direita malandra'
Considerava Lula “um continuador do neoliberalismo e, com isso, frustrou um monte de esperança", disse em entrevista à Folha de S. Paulo. "O Serra é a direita truculenta e o Lula é a 'direita malandra', que sabe esconder a maneira como explora o povo", afirmou.
Acabaria por ficar com 886 mil votos, em 4º lugar.
Nas manifestações de junho de 2013, Plínio de Arruda Sampaio ainda compareceu a um dos protestos no centro da capital paulista. Falou contra a violência policial aos manifestantes: "Disseram que havia perigo de enfrentamento. Se houver, vou interferir. Não vou deixar machucar criança" disse ao jornal Valor.
Sempre entusiasmado pelas novas tecnologias de comunicação, falava diretamente com os cidadãos, mesmo durante a intensa campanha. Era um entusiasta do Twitter e do Facebook.
Morreu na tarde desta terça-feira (8) em São Paulo. Estava internado há um mês a tratar um cancro ósseo.
Abaixo, um excerto do debate nas presidenciais de 2010 em que Plínio de Arruda Sampaio dá uma aula de política internacional a José Serra.