Passavam poucos minutos das 24h (22h em Lisboa) quando foi aprovado, com 153 votos a favor, 128 votos contra e 18 abstenções, este novo memorando, que implica, entre outros, o corte de até 15% nas pensões, cortes parciais nos subsídios de férias, o aumento da idade da reforma da função pública, de 65 para 67 anos, e o despedimento de cerca de 25 mil funcionários públicos.
Entre os votos a favor contam-se 126 votos de deputados da Nova Democracia e 27 votos de deputados do Pasok. Já no que se refere aos votos contra, os mesmos incluem os 71 votos dos deputados da Syriza, 20 dos Gregos Independentes, 12 do KKE, 18 da Aurora Dourada, 3 da Esquerda Democrática, 2 do Pasok e 3 de deputados independentes. Treze deputados da Esquerda Democrática, 3 do Pasok e 1 da Nova Democracia abstiveram-se. Registou-se ainda a ausência de um deputado do Pasok.
Logo após a votação, o PASOK expulsou seis deputados, incluindo o ex ministro Costas Skandalidis, e a Nova Democracia um, por não terem votado a favor.
Durante o debate plenário terão ainda sido rejeitadas duas moções sobre a inconstitucionalidade quer das medidas de austeridade em si, quer da condução do processo de discussão deste novo memorando, que foram apresentadas pela Syriza e pelos Gregos Independentes.
Poucas horas antes do início do debate plenário, o primeiro ministro Antonio Samaras tinhas apelado aos deputados para apoiarem o novo memorando, argumentando que a permanência da Grécia na Zona Euro estaria em causa. “Hoje estamos a votar se ficamos no Euro ou se voltamos para o isolamento”, afirmou o representante do governo de coligação.
“A única extensão de que necessitamos é para a corda com que nos vamos enforcar”
Antes das votações no parlamento grego, o líder da coligação de esquerda Syriza, Alex Tsipras, defendeu a realização de novas eleições, argumentando que o governo não está a cumprir o seu programa, que não foi legitimado pelo povo. Para Tsipras, os esforços do governo para assegurar uma extensão para o ajustamento fiscal são redundantes. “A única extensão de que necessitamos é para a corda com que nos vamos enforcar”, frisou.
“Vocês destroem o país – saiam agora”
Perto de 100 mil pessoas manifestaram-se em frente ao parlamento contra o novo pacote de austeridade. Durante os protestos, a polícia grega usou gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar os manifestantes. A iniciativa ocorreu durante o segundo dia da Greve Geral, convocada pelos principais sindicatos gregos dos setores público e privado, que teve especial impacto nos transportes, nas escolas, nos centros de saúde, na administração pública, indústria e setor bancário.
Os representantes da Syriza no parlamento grego juntaram-se à iniciativa, segurando uma faixa na entrada do parlamento, em Atenas, onde se lia “Vocês destroem o país – saiam agora” (ver foto).