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Parados, nunca calados: trabalhadores da cultura marcam manifestação

Os efeitos da pandemia no setor foram “catastróficos” e o governo não os ouve. Por isso, o CENA-STE convocou um protesto para dia 4 de junho. Os trabalhadores denunciam ainda que há muitas salas de espetáculo sem condições para reabrir.
Cartaz de protesto do CENA-STE. Foto do facebook do sindicato.
Cartaz de protesto do CENA-STE. Foto do facebook do sindicato.

Os trabalhadores da cultura, dos espetáculos e do audiovisual manifestam-se no próximo dia 4 de junho em Lisboa, no Rossio, e no Porto, no Campo Mártires da Pátria junto ao Centro Nacional de Fotografia. Dizem estar “parados, nunca calados” e que “este é o momento de reforçar a unidade e a luta, porque este é o momento de dizer com clareza o que queremos para a Cultura e para os seus trabalhadores.”

Em comunicado, o sindicato CENA-STE explica que “num setor em que domina a precariedade”, os efeitos da pandemia “são catastróficos e à medida que o tempo passa, sem que sejam tomadas medidas de emergência e de fundo, as consequências são cada vez mais devastadoras e auguram um efeito prolongado sobre a vida dos profissionais e sobre a Cultura”.

Com espetáculos cancelados, muitos trabalhadores sem quaisquer rendimentos ou com rendimentos “drasticamente reduzidos”, agravou-se a situação de um setor já “precário, empobrecido e indefeso” e que “carece há muito tempo de um enquadramento legislativo adequado, que tenha em conta as suas características”.

Alguns números que ilustram o que se passa resultam de inquérito realizado pelo CENA-STE na segunda quinzena de março, que somou 1300 respostas, mostrando que 98% dos trabalhadores dos espetáculos viram trabalhos cancelados, um terço deles por mais de 30 dias, um total de perdas apenas neste período e só relativo a quem respondeu ao inquérito de dois milhões de euros. 85% destes trabalhadores são independentes, não dispondo de qualquer proteção laboral. Mas porque a situação “piorou”, o sindicato vai promover outro inquérito.

Também para exemplificar melhor os problemas, a página de Facebook do sindicato está a publicar uma série de testemunhos sobre o que estes trabalhadores estavam a fazer há um ano de forma a contrastar com a situação que vivem atualmente.

Por tudo isto, os sindicalistas tinham criado já um caderno de medidas para resolver os problemas que enfrentam mas a resposta “tem sido pouco mais que o silêncio”. O governo “adia decisões de fundo” e os trabalhadores “não anteveem qualquer proteção nos tempos próximos, que se adivinham sombrios”.

Há salas de espetáculo sem condições para reabrir

Esta quarta-feira, o dirigente do CENA Rui Galveias deixou à Renascença algumas das suas preocupações face às regras definidas pela Direção-Geral de Saúde e Ministério da Cultura relativamente à abertura de salas de espetáculo.

Uma delas são os custos que lhes estão associados. O dirigente sindical sabe que, em muitos casos, não há dinheiro para cumprir estas medidas: “pode haver salas que não têm condições para fazer os espetáculos porque podem não ter forma de abrir e garantir que existem todos os materiais que são necessários para a higienização”.

Por outro lado, preocupa-o que “as medidas de contingência desaparecem quando se entra no palco e isso para nós é um bocado estranho”. Ou seja, “parece que há um ato de magia: quando se entra em palco já não há risco de contágio e entregam os trabalhadores da Cultura à sua sorte”.

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