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Para os super-ricos, isolamento social é outra coisa

Na saúde e na doença não todos somos iguais. No isolamento social também não. É o que nos mostra um artigo do Guardian desta quarta-feira: viagens de jato privado, testes ao Covid-19 no estrangeiro, bunkers de isolamento de luxo, médicos pessoais são alguns algumas das formas dos mais ricos enfrentarem a crise.
Interior de um jato de luxo.
Interior de um jato de luxo. Foto de SuperJet International/Flickr.

Quando o surto do novo coronavírus chegou a Hong Kong, em janeiro, o número de voos em jatos privados subiu em flecha. Em comparação com o ano passado, os voos com destino à Austrália e à América do Norte aumentaram 214%.

De acordo com Adam Twidell, presidente executivo da PrivateFly, empresa de marcação de serviços de jatos privados, ouvido pelo jornal britânico The Guardian, houve uma corrida aos voos de evacuação dos locais mais atingidos pelo surto do covid-19. Multinacionais com presença na China e sudoeste asiático, retiraram por esta via os seus quadros dirigentes destes países e famílias ricas utilizaram este meio para rumar a outras paragens sem ter de se cruzar com outros passageiros.

Depois, a tendência de viajar de jato privado para evitar contactos deixou de ser exclusiva desta região. Segundo o mesmo executivo, “cada vez mais, estamos a assistir a clientes que procuram voos privados entre uma variedade de destinos globais de forma a evitar exposição a multidões nas cabines dos aviões comerciais e nos terminais dos aeroportos”. Há ainda quem, não tendo dinheiro para fretar um avião privado, requisite acesso a terminais exclusivos nos aeroportos para escapar a mais contactos.

Este é apenas um dos exemplos de como os mais ricos estão a utilizar os seus privilégios face a uma crise generalizada de saúde. O mesmo jornal nota que muitos dos mais ricos estão a levar para o seu auto-isolamento médicos e enfermeiros pessoais e que face às limitações de testes ao covid-19 nos sistemas de saúde pública nacionais recorrerem a clínicas privadas, muitas vezes fora do seu país de origem. A clínica privada de Harley Street, em Londres, é uma das que tem sido muito requisitadas. Mark Ali, o seu diretor clínico, indicou que há “uma enorme procura de pessoas muito ricas que perguntam se podem pagar para aí fazer testes privados”. Contudo, no Reino Unido tal não é possível porque o serviço nacional de saúde requereu que todos os testes fossem feitos centralmente. De forma a contornar esta situação, estas pessoas estão a pagar para serem testadas noutros países.

Outro efeito, tem sido o aumento de compra de abrigos de luxo. O jornal The Guardian recolheu ainda o testemunho de Robert Vicino, administrador de uma empresa norte-americana de construção de abrigos de luxo, a Vivos, que confirmou esta tendência: aumentaram abruptamente quer os interessados quer as vendas de abrigos subterrâneos construídos para resistir a catástrofes naturais.

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