Não sou militante do BE, mas tenho votado sempre no Bloco.
Não sou jovem de 20 ou 30 anos, já vou nos 50.
Resolvi escrever para este fórum porque penso que se o BE quer ser um partido novo, diferente, deve saber ouvir todos e colher alguns - possíveis - ensinamentos que as diferentes opiniões possam trazer, mesmo que sejam de pessoas que não estão no interior do partido, mas que desejam que ele se possa afirmar junto da população como uma força credível e não apenas como um fenómeno momentâneo, que entusiasma uns grupos de pessoas: eles são os jovens que acham muito engraçado um certo folclore; eles são os desgostosos do PS; eles são os homossexuais que viram aí um ponto de apoio para as suas reivindicações e mais uns quantos que viram no BE um veículo para que determinadas lutas tivessem visibilidade.
Todos estes tinham razão, o BE esteve sempre ao seu lado e bateu-se por todos no Parlamento. E eles, esses todos, continuam ao lado do BE?
A resposta todos nós conhecemos: não. Assim o disseram os resultados eleitorais.
Mas agora não interessa questiúnculas entre facções do BE, com cada um a pôr-se em bicos dos pés para ver se chega ao topo. O BE tem uma pessoa confiável à frente e há que nos agregarmos em seu torno e não o contrário. Por acaso muitos dos que agora contestam Francisco Louçã já pensaram que se ele não estiver como coordenador muitas pessoas que votaram BE podem não voltar a fazê-lo? E aí são mais uns quantos que se vão embora.
Miguel Portas diz que se deve dar o lugar a elementos mais jovens, ficando os outros na retaguarda. Vou ser muito terra-a-terra: agora põem lá uns jovens, que podem ter muitas qualificações, mas que não têm experiência de vida, e acham que as pessoas continuam a acreditar no BE? Por favor, parem, pensem!
O BE tem nas suas estruturas e no seu grupo parlamentar pessoas jovens que, em conjunto com os outros menos jovens, podem contribuir com o seu "sangue novo" e aprender com a experiência. É esse o caminho.
Deixem-se de grupinhos e pensem mais alto.
É preciso dar mais atenção às estruturas locais, ouvi-las e apoiá-las de forma a que elas possam propagar a mensagem em que se acredita. Só assim será possível o Bloco não se esvaziar, porque com a comunicação social já não se pode contar.
Se o BE não quer ficar confinado às universidades e alguns mais, se se interessa realmente por estar junto das pessoas, tem de aparecer junto delas e explicar-lhes, de uma forma acessível, o que se está a passar com este mundo, com este país.
As pessoas estão com medo e sentem-se perdidas.
Querem acreditar que estes senhores que ganharam as eleições podem ser "os salvadores da pátria".
Não é fácil explicar de forma simples aquilo que é complexo, mas façam um esforço.
Dou como exemplo duas acções que decorreram na minha junta de freguesia (Alcântara). Uma delas sobre o terminal de contentores de Alcântara, em que, para além do eleito pelo BE na junta, estiveram Helena Pinto (que falta vai fazer na AR!) e o vereador do BE na Câmara de Lisboa; a outra, antes das eleições legislativas, em que Francisco Louçã esteve na junta de freguesia a falar sobre a situação do país.
E se estas iniciativas são apenas para alguns, então "montem banca" nas ruas, distribuam panfletos concisos, mas explicativos. Entre muitos que terão como destino os caixotes do lixo, alguns irão para casa e poderão ser úteis para o passar da palavra.
Nem todos estamos no facebook ou no twitter.
Unidos a força será maior contra este assalto aos trabalhadores, e isso é que é o essencial.