Para os animais de estimação, a pandemia não significou apenas donos em casa ou mais passeios. Muitos viram os seus donos morrer e outros foram abandonados devido às dificuldades económicas. Foi o que explicou Jorge Cid, bastonário da Ordem dos Veterinários, em entrevista à Lusa este sábado por ocasião do Dia do Animal de Estimação.
O veterinário esclarece que a ordem profissional tem uma proposta “há muito tempo” para enfrentar o problema dos animais que ficam “órfãos”, tendo perdido o seu cuidador principal porque é importante que “nunca fiquem ao abandono”. A estrutura defende que devem ser criados lugares para os receber seja nos canis municipais, seja noutros locais.
Sobre a questão do abandono de animais de companhia, os números da GNR mostram que, entre 2019 e 2020, houve uma redução: de 416 crimes para 360. Em janeiro deste ano houve já 17 casos. As associações de defesa dos animais ligam o crime às “ dificuldades económicas decorrentes da pandemia, provocadas por exemplo por situações de desemprego”, segundo indica um inquérito da Animalife a mais de 200 delas. Para além disso, referem ainda um mais difícil acesso a bens e serviços de primeira necessidade, como alimentação ou tratamentos médico-veterinários.
Mas o panorama estaria incompleto se não se falasse do aumento da procura de animais de companhia. Para Jorge Cid, isto porque “é um motivo de poder sair e poder estar mais ao ar livre que, de outra maneira, não o poderiam fazer e também estão mais tempo em casa para poder desfrutar dos benefícios de ter um animal de companhia”.
O especialista sublinhou ainda a função “psicológica” dos animais de companhia: “convivemos com essas situações todos os dias e vemos que realmente uma pessoa que já tem uma idade avançada que vive muito sozinha, o animal de companhia tem uma função essencial para o equilíbrio emocional dessa pessoa”.