Fortuna escondida

Offshore de Mexia andava “perdido” nos Pandora Papers

20 de setembro 2024 - 14:45

Uma nova fuga de informação revelou agora quem era o beneficiário final dos seis milhões de dólares da Miamex Ventures, entidade sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. Antigo CEO da EDP mantém-se em silêncio sobre o assunto.

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António Mexia
António Mexia. Foto de Tiago Petinga/Lusa

O semanário Expresso, que participou com o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) e expôs alguns nomes portugueses na lista de offshores que ficou conhecida como Pandora Papers, junta agora mais uma peça a esse puzzle com 12 milhões de ficheiros. Graças a uma fuga de informação da Boreal Capital Management, na Suíça, o ICIJ conseguiu descobrir a identidade do beneficiário final da Miamex Ventures Limited, uma das companhias offshore registadas nas Ilhas Virgens Britânicas, com seis milhões de dólares acumulados entre 2014 e 2019.

Trata-se de António Mexia, o ex-CEO da EDP e antigo ministro do PSD agora a contas com a justiça. No extrato da conta administrada pelo gestor financeiro Bernardo d’Orey, vice-presidente da EFG Capital, com data de junho de 2017, Mexia tinha os ativos distribuídos por fundos de investimento (1,4 milhões de dólares), obrigações de empresas (2,7 milhões) e depósitos bancários (1,7 milhões). Foi Orey que inadvertidamente expôs Mexia, ao identificá-lo em 2019 como beneficiário daquela offshore numa apresentação de parte da sua carteira de clientes enviada à Boreal Capital Management e que agora se tornou pública. Orey explicou também à empresa de Zurique que Mexia ganhava em média 1,2 milhões da EDP, um valor que variava consoante os lucros e que em 2009 fora de 3,1 milhões. Adiantava ainda que a fortuna do gestor rondava os 20 milhões, dos quais seis no offshore que administrava, oito em ativos financeiros em Portugal e o resto em várias propriedades.

Questionado pelo Expresso através do seu advogado, António Mexia preferiu não responder às perguntas sobre se aqueles ativos tinham sido declarados em Portugal para efeitos fiscais, de onde vem o dinheiro e qual a razão de o colocar num offshore. Bernardo d’Orey também não respondeu às questões enviadas pelo Expresso.

O semanário sabe também que o Ministério Público desconhecia a existência da Miamex Ventures, o offshore que foi dissolvido no fim de maio de 2020, quatro dias antes do interrogatório do Ministério Público a António Mexia. 

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