"Não é possível continuar num impasse que tem custos com os quais ninguém parece importar-se e sabemos quem está sempre na primeira linha para pagar este tipo de faturas. Chegou por isso o momento de dizer basta", afirmam os representantes dos trabalhadores.
Segundo a Comissão de Trabalhadores, "para que a RTP tenha algum descanso e para que tenha futuro, não pode repetir-se a situação dos últimos três anos de rumo errático em que o poder político lançou a empresa, nem pode repetir-se um Conselho de Administração que desrespeita permanentemente os trabalhadores da empresa e que a desmantelou, abdicando da experiência e saber que a própria empresa criou durante décadas".
"A próxima Administração da RTP tem que ter prestígio no meio rádio e televisão para que possa ter autoridade sem ter necessidade de ser autoritária e para que possa ser líder de um projeto que nos orgulhe a todos e que sirva o país", lê-se ainda no comunicado.
Na terça-feira, o Conselho de Administração da RTP, encabeçado por Alberto da Ponte, afirmou a sua disponibilidade para renunciar se for garantido "o respeito pelo bom trabalho por si colegialmente e individualmente realizado" nos seus mandatos.
O esquerda.net transcreve, na íntegra, o comunicado de imprensa divulgado na página de internet da Comissão de Trabalhadores da RTP:
“A RTP PRECISA DE DESCANSO E PRECISA DE FUTURO
Quantas empresas em Portugal resistiriam a tanta turbulência, a tanta interferência, a tanta opinião de alegados especialistas, a tanto orçamento cortado, a tantas saídas de trabalhadores, a tanta guerra de concorrência disfarçada?
Acerca de tudo e de nada, de gestão ou de conteúdos, pelo que faz ou não faz, pelo que fez e não devia ter feito, a RTP é um “saco” onde um clube conhecido gosta de bater. Uns com presunção de sábios, outros com prosa de arruaceiros, bater na RTP é que é bom.
No dia 3 de Dezembro de 2014, o CGI propôs a destituição do Conselho de Administração. Passaram três semanas e a RTP continua a encher páginas na imprensa. Não é possível continuar num impasse que tem custos com os quais ninguém parece importar-se. E sabemos quem está sempre na primeira linha para pagar este tipo de faturas. Chegou por isso o momento de dizer BASTA!
Mas já que aqui chegámos, há algo que não pode voltar a acontecer para que a RTP tenha algum descanso e para que tenha futuro: não pode repetir-se a situação dos últimos três anos de rumo errático em que o poder político lançou a empresa nem pode repetir-se um Conselho de Administração que desrespeita permanentemente os trabalhadores da empresa e que a desmantelou, abdicando da experiência e saber que a própria empresa criou durante décadas.
O rumo da RTP não pode ser a deriva dos últimos anos. A RTP tem que ser a empresa de referência quando os portugueses procuram uma Rádio ou uma Televisão. Isso faz-se acima de tudo com os trabalhadores da empresa e também em colaboração com as mais-valias externas que acrescentem valor aos conteúdos. Sempre numa lógica de Serviço Público cuja bússola deve apontar a direção da qualidade e não a da busca desenfreada de audiências.
A RTP, para além de não ser uma empresa privada, é um bem público que não pode ser gerida como outra qualquer empresa apenas centrada no objetivo do lucro. A RTP tem um espírito específico, uma ligação muito afetiva aos portugueses e tem uma obrigação de proporcionar o acesso a Informação e a Conteúdos que correspondam à necessidade de uma sociedade democrática.
Por tudo isto, a próxima Administração da RTP deve saber que a empresa não tem futuro num ambiente de quase guerrilha, com constantes declarações de achincalhamento a quem aqui trabalha; a próxima Administração da RTP tem que ter prestígio no meio Rádio e Televisão, para que possa ter autoridade sem ter necessidade de ser autoritária e para que possa ser líder de um projeto que nos orgulhe a todos e que sirva o país.
O Secretariado da Comissão de Trabalhadores da RTP
Lisboa, 23 de dezembro 2014”