O que as pessoas querem é soluções para a sua vida

20 de maio 2023 - 13:29

Catarina Martins esteve na feira de Amarante e ouviu muitas queixas sobre o aumento do custo de vida e a incapacidade do Governo para resolver problemas. "Mas nenhuma pessoa me pediu eleições", sublinhou a coordenadora bloquista.

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Catarina Martins na feira de Amarante
Catarina Martins na feira de Amarante. Foto Octávio Passos/Lusa

A uma semana de terminar o seu mandato de coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins foi à feira de Amarante falar com as centenas de pessoas que ali faziam compras este sábado de manhã e ouvir o que têm a dizer sobre  a situação atual. Em declarações aos jornalistas no final da visita, Catarina transmitiu que "as pessoas falam da dificuldade da vida, mas também nos falam com imenso desalento do que veem no Governo". "Acha bem isto? Parece que estão a gozar connosco!", ouviu Catarina de muitas pessoas que assistiram aos últimos desenvolvimentos da comissão de inquérito à TAP e à forma como o Governo conseguiu pôr no centro do debate político um caso de polícia ocorrido num gabinete ministerial.

"As pessoas falaram-me do custo de vida terrível, dos salários baixos e de como se sentem verdadeiramente gozadas por aquilo que têm visto. Nenhuma me pediu eleições. O que as pessoas querem é soluções para a sua vida e para isso e preciso um Governo que funcione", resumiu Catarina.

Perante um executivo que "não tem solução nem para os salários, nem para a inflação, nem para a habitação, nem para a saúde nem para a educação" Catarina defendeu que o que seria preciso neste momento "era não só uma enorme remodelação do Governo mas também uma alteração política de fundo nas prioridades do Governo". Isto porque "não é possível o Governo dizer-nos que vai resolver o problema da habitação daqui a 50 anos, ou que as escolas para o próximo ano vão começar ainda com menos professores do que tinham este ano, ou que as urgências vão continuar a fechar e as pessoas vão cada vez ter mais dificuldade em aceder a saúde".

Assim, considera que "o primeiro-ministro tem um problema gigante para resolver, mas quem pediu a maioria absoluta ao país foi o PS e António Costa, têm a responsabilidade de o resolver e é indesculpável se não o fizerem". E se "em fim de linha, a democracia tem sempre soluções", neste momento "o país está a pedir outra coisa: está a pedir que haja responsabilidade neste momento do primeiro-ministro e do Governo, mas ela está a tardar", concluiu.

"Neste momento o ministro das Infraestruturas é António Costa"

Questionada pelos jornalistas sobre os últimos desenvolvimentos na Comissão de Inquérito à TAP, Catarina considera que o que foi descoberto até agora "é uma utilização abusiva de instituições do Estado e ao que tudo indica também do SIS", além de um Governo "enredado em mentiras e situações que degradam a imagem das instituições". E conclui que "neste momento o ministro das Infraestruturas é António Costa. Não é desejável que um Governo esteja assim"

Sobre a última polémica em torno da intervenção do Serviço de Informações e Segurança (SIS) na recuperação de um computador do ex-adjunto do ministro João Galamba, Catarina entende que "ou o SIS teve instruções para agir - e as únicas instruções podiam vir do primeiro-ministro, que não o devia ter feito e é grave se o tiver feito -, ou agiu sem essas instruções e é gravíssimo que o tenha feito porque não o podia fazer. Em todo o caso há aqui uma intervenção abusiva do SIS que não pode ficar impune e sem ser explicada" pelo primeiro-ministro.u.

"O SIS não pode telefonar a um cidadão a meio da noite a dizer-lhe que ele entregue um computador ou seja o que for, mas isso aconteceu. E é preciso saber porque é que aconteceu e retirar consequências", insistiu.

"Se o Governo fica fragilizado, talvez fosse bom errar menos"

Reconhecendo que a sucessão de episódios rocambolescos no Ministério das Infraestruturas torna "um pouco ridículo ou absurdo" que o debate político esteja aí centrado, Catarina acrescenta que "essa não foi a opção do Parlamento, foi a opção do Governo quando o ministro João Galamba decidiu fazer uma conferencia de imprensa pormenorizada sobre um caso de policia que aconteceu no seu gabinete ou quando o primeiro-ministro decidiu fazer uma comunicação formal ao país na residência oficial sobre esse caso específico".

"Se o Governo fica fragilizado com esta exposição de contradições e erros, talvez fosse bom o Governo errar menos", aconselhou a coordenadora bloquista. No que diz respeito ao problema de fundo que esteve na origem do pedido do Bloco para a constituição da comissão de inquérito, Catarina julga que "é já claro que há versões contraditórias sobre várias decisões que foram tomadas, a começar pelas remunerações da administração".

"A TAP é daquelas empresas em que não se compreende como é que os administradores têm direito a tanto quando os trabalhadores estão a ter cortes ao mesmo tempo. Essa foi a causa pela qual o Bloco quis a CPI. Parece claro que ninguém explica porque é que existe este regime. A TAP não é um caso único, o que também nos deve preocupar", prosseguiu.

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