Anti-racismo

Nas ruas de Lisboa, exigiu-se justiça para as vítimas de violência policial

14 de setembro 2024 - 20:36

A marcha “E se fosse contigo?” reclamou a reparação da injustiça cometida pelo sistema judicial contra Cláudia Simões que promete “lutar até ao fim”. Também se invocou o terceiro aniversário das mortes de Danijoy Pontes e Daniel Rodrigues no Estabelecimento Prisional de Lisboa.

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Manifestação "E se fosse contigo?
Manifestação "E se fosse contigo? Foto de António Pedro Santos/Lusa.

A marcha "E se fosse contigo?" organizada pelos movimentos anti-racistas percorreu este sábado as ruas de Lisboa entre o Estabelecimento Prisional de Lisboa e o Martim Moniz. A partir do mote do caso de Cláudia Simões, exigiu-se justiça para todas as vítimas de violência policial.

No caso da mulher negra espancada por um agente policial reclama-se a “revogação da sentença e de reparação da violência infligida pela polícia e pelo sistema judicial a Cláudia Simões”.

A manifestação pretendia igualmente invocar o terceiro aniversário das mortes de Danijoy Pontes e Daniel Rodrigues no Estabelecimento Prisional de Lisboa. Assim, um momento inicial de homenagem aos dois homens foi efetuado antes do desfile.

À Lusa, Alice dos Santos, mãe de Danijoy Pontes, vinca que a "justiça portuguesa não trabalha" e afirma que o filho foi assassinado na prisão depois de ter levado "muita pancada" e da ingestão de medicamentos.

Para ela, é "mentira" que as prisões portuguesas sejam das melhores "porque quando uma pessoa é presa é para tomar correção, para ser uma melhor pessoa, não para sai morta".

Também Cláudia Simões falou à agência noticiosa nacional para considerar que, no seu caso, a justiça "não foi séria".

Explica que"toda a gente viu a minha cara. Uma juíza negar que eu caí não foi muito justa. Eu estou aqui na luta, que ninguém se esqueça de mim. Eu vou ser forte, eu vou lutar até ao fim".

Desde que foi conhecido o espancamento, tem sido vítima de uma outra forma, sendo alvo de "muitas mensagens de racismo".

Uma das vozes do movimento negro, Kitty Furtado, sintetiza: "estes casos juntos constituem exemplos flagrantes de racismo institucional". Para ela, "está a falhar uma justiça que seja igual para toda a gente, independentemente da raça, da classe social ou da religião".