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"Não precisamos de um Presidente que mantenha os bloqueios do Governo na resposta à crise"

No debate televisivo com Ana Gomes, Marisa Matias considerou "incompreensível não haver uma resposta à altura da crise que estamos a viver” no plano da saúde e da proteção do emprego.
Marisa Matias
Marisa Matias no debate desta segunda-feira com Ana Gomes.

Ao terceiro dia de debates presidenciais, segundo de Marisa Matias, a candidata apoiada pelo Bloco esteve frente a frente com Ana Gomes. Se, por um lado, partilham as lutas pela defesa da democracia e combate à extrema direita, divergem, por outro, em áreas essenciais como as políticas de governação económica ou em matéria de segurança e defesa.

Para Marisa, a sua candidatura “é a que melhor representa aquilo que têm sido lutas essenciais desta geração e para o futuro” como “as lutas dos jovens em relação ao ambiente, em relação à proteção dos direitos dos animais, em relação ao clima e alterações climáticas, as lutas feministas, pela igualdade, anti-racistas”, lembrando que são áreas pelas quais luta e trabalha todos os dias e áreas essenciais “para trazer para a Presidência da República”.

“Quero disputar o melhor resultado possível para no dia a seguir estar a lutar pelas bandeiras da saúde, do trabalho, da regulação da banca, ainda com mais força”, afirmou.

Questionada sobre como o voto do Bloco no Orçamento de Estado para 2021 pode afetar a sua candidatura, Marisa reiterou que “o que eu acho incompreensível é não haver uma resposta à altura da crise que estamos a viver” e que o que a sua candidatura coloca em cima da mesa “é uma proposta clara e evidente de resposta à crise e que acredita que essa resposta passa por entendimentos à esquerda”, tendo em conta a urgência que enfrentamos e “as pessoas que já estão sem apoios sociais e que não estão protegidas com os direitos laborais”.

Continuou sublinhando que “politicamente não precisamos de um Presidente que mantenha os bloqueios que já vêm do Governo em relação à resposta à crise” e garantiu que se as pessoas votarem na sua candidatura “sabem que estão a votar numa proposta que pretende contrariar esses bloqueios de Marcelo e de António Costa em relação à saúde, à banca e ao trabalho”.

Sobre a requisição de privados na saúde, disse defender o que consta na lei de bases proposta por António Arnaut e João Semedo, ressalvando que “numa situação de pandemia é óbvio que temos de utilizar toda a capacidade instalada”, mas que esses “têm que ser usados e requisitados sob o comando do Serviço Nacional de Saúde, não para fazer negócio mas a preço de custo”, algo que teria sido possível tanto num quadro da lei de bases como também no quadro do Estado de emergência.

Outra diferença que se tornou evidente durante o debate relaciona-se com as visões políticas que as duas candidatas têm em matéria de segurança e defesa. Para Marisa, esta deve ser centrada na cooperação e na segurança e na proteção das pessoas, na proteção dos refugiados e migrantes, e não numa lógica de reforços dos exércitos nacionais e europeus e de uma lógica securitária como aquela que tem sido implementada pela União Europeia.

"O que faz cavalgar a política do medo é não haver resposta para os problemas concretos das pessoas"

Quanto à ausência de uma candidatura consensual à esquerda, Marisa disse acreditar no efeito positivo da multiplicidade de candidaturas e da mobilização que delas advém e concluiu sublinhando que “infelizmente, o que faz cavalgar a política do medo e de forma muito rápida é não haver resposta para os problemas concretos das pessoas, é termos um sistema ele próprio corrupto, são as portas giratórias sistemáticas. Eu defendo a política contrária e é essa política e que quero pôr em prática”, concluiu.

Numa nota sobre o caso do procurador europeu, no seguimento da demissão do Diretor-geral da Direção Geral da Política de Justiça, Marisa Matias classificou o caso como “vergonhoso”, disse que os dados que temos não são suficientes, que há demasiadas contradições, e que é necessário que a Ministra da Justiça seja ouvida no Parlamento para prestar mais explicações de maneira a que se perceba o que se passou.

 

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