A confirmar-se a presença de Marine Le Pen na edição deste ano da Web Summit em Lisboa, “estarão a ser usados dinheiros públicos para ajudar a publicitar uma mensagem que é propalada por esta líder da extrema-direita francesa”, afirmou Isabel Pires em conferência de imprensa realizada esta terça-feira na sede do Bloco de Esquerda.
“As declarações de Marine Le Pen incitam ao ódio, à xenofobia e ao racismo”, prosseguiu a deputada bloquista, considerando “estranho que não exista qualquer declaração por parte do governo ou da Câmara de Lisboa”.
“É importante haver uma tomada de posição sobre o que acham sobre a presença” de Le Pen nesta conferência, acrescentou a deputada do Bloco, antes de lembrar que a Web Summit é “um evento que tem um investimento público: um contrato com a duração de três anos com possibilidade de ter mais dois anos, em que são investidos 3.9 milhões de euros ao longo destes três anos”.
“Tem de ficar esclarecida qual é a posição do governo e da CML sobre este convite. A manter-se o convite, consideramos que não é aceitável usar dinheiros públicos para ajudar Marine Le Pen a ter mais uma plataforma para passar mensagens de xenofobia e racismo, que têm sido a sua linha política nos últimos anos", prosseguiu Isabem Pires.
“Não podemos permitir que este tipo de investimento público seja feito sem qualquer critério”, sublinhou a deputada, uma vez que “a mensagem que ela vem cá passar, como passa em qualquer lado, é uma mensagem de racismo e xenofobia que é inaceitável em qualquer parte do mundo”.
Após a conferência de imprensa da deputada bloquista, o gabinete do ministro da Economia fez saber à TSF que "não temos nada a ver com a lista de convidados, que é da inteira responsabilidade da Web Summit". No entanto, não esclareceu se o governo irá manter os apoios públicos à realização deste evento caso se confirme a presença de Marine Le Pen na Web Summit.
(Notícia atualizada às 17h10 com as declarações do gabinete do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral)