Legislativas 2025

Na Universidade Sénior, Mariana defende solidariedade num “encontro de gerações” pela democracia

13 de maio 2025 - 15:33

Coordenadora do Bloco de Esquerda visita Universidade Sénior Unisseixal para falar sobre solidariedade entre gerações e apelar à luta pela democracia. Para além de pensões, "é preciso garantir autonomia" às gerações mais velhas.

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Mariana Mortágua
Mariana Mortágua. Fotografia de Gabriela Carvalho.

É preciso fazer caminho entre abraços e beijinhos para conseguir visitar todas as salas da Universidade Sénior Unisseixal, na margem sul do Tejo. Mariana e Joana Mortágua reúnem-se na manhã desta terça-feira com dois elementos da direção da universidade sénior e aproveitam para ver o espaço. “Estou a aprender música”, diz uma das alunas à coordenadora do Bloco de Esquerda antes de soltar para a colega o comentário “vamos aparecer na televisão”.

A Unisseixal tem milhares de alunos e 170 turmas, e cada aluno paga uma quota mensal de apenas 9 euros para participar. Mesmo quem não quer participar diariamente pode marcar presença no dia aberto semanal, todas as quartas-feiras.

“Queremos um país em que os mais novos se preocupam com os mais velhos, com as suas pensões e com a sua autonomia, e em que os mais velhos votam por si mas também pelos mais novos e pelo futuro”, diz Mariana Mortágua aos jornalistas.

Mariana Mortágua
Fotografia de Gabriela Carvalho.

É com esse mote que a coordenadora do Bloco de Esquerda marca presença na Unisseixal, dizendo que os mais velhos “não são apenas bolas de arremeço das campanhas”. “Não são apenas quem recebe as pensões, são parte integrante da nossa sociedade e da nossa democracia”, diz.

A campanha do Bloco de Esquerda quer mostrar que são precisos todos para ganhar, apelando a um “encontro de gerações”, porque “Portugal precisa de respeitar as pessoas mais velhas, e a Universidade Sénior prova isso mesmo”.

Num dia onde o partido aposta no contacto com os mais velhos e com os mais novos, Mariana Mortágua salienta que “não queremos uma sociedade de egoísmo, em que cada geração só luta por si”. A solidariedade intergeracional é portanto o tema do dia para o Bloco de Esquerda.

A coordenadora do Bloco de Esquerda sublinhou a importância de aumentar as pensões, com o partido a propor que as pensões fiquem todas acima do limiar da pobreza mas “é preciso muito mais que isso”. “É preciso garantir que quem chega aos 70 e 80 anos tem autonomia”, diz. “Não são pessoas menores”.

Há alunos da Unisseixal que têm mais de 90 anos, mas a grande maioria está nos 60 anos. Há aulas de artes, informática, música, dança, economia, história, saúde e muitos mais temas. Na sala 6 do 1º andar o coro polifónico está a ensaiar, e Mariana e Joana juntam-se para cantar o Hino dos Mineiros.

Mariana Mortágua
Fotografia de Gabriela Carvalho.

“Eu trago a camisa aberta / E o sangue de um camarada, vê lá / Vê lá, companheiro, vê lá / Vê lá como venho eu”, cantam as dirigentes do Bloco de Esquerda, lembrando a tradicional canção do movimento sindical dos mineiros. Noutra sala, numa aula sobre inteligência artificial, geopolítica e alterações climáticas, Mariana discute com a turma a ameaça de anexação de Gronelândia por parte de Trump, e um dos alunos lembra as intervenções sucessivas da NATO no Panamá. “E na altura nem era o Trump”, diz.

A diretora da universidade, Mariana Mareco, diz que “aqui ninguém está abandonado”. Juntamente com Amélia Costa, outra membro da direção, fazem a visita com a comitiva bloquista, mostrando as aulas de aguarelas, os espaços de convívio. Os professores da escola são voluntários, e na aula de informática está um professor a aprender. “Aqui sou aluno, mas também sou professor de agricultura”, comenta. Nas aulas de dança, as alunas são sobretudo mulheres, e a professora explica que “os homens não são atrevidos como as mulheres, as mulheres atrevem-se a mostrar-se”.

Antes de terem acesso àquele espaço na Avenida General Humberto Delgado, a Unisseixal funcionava em “condições precárias”. “Onde nos emprestavam uma sala, nós íamos”, explica Amélia. Agora, o espaço é cedido, os professores são voluntários e têm o financiamento das quotas dos alunos para se sustentar.

Na aula de Estatística, num grande auditório, Mariana Mortágua promete voltar para dar uma aula de Economia. “Mas alguém tem de ensinar a fazer doces”, diz entre risos. Uma das alunas vira-se para Amélia e brinca que “ainda não temos essa disciplina”. Na despedida, Mariana Mareco despede-se agradecendo e afirmando “voltem sempre, somos uma universidade de portas abertas”.

Mariana Mortágua
Fotografia de Gabriela Carvalho.