A fábrica de produção de tripas DAT-Schaub de Arcozelo, Vila Nova de Gaia, comunicou a pelo menos 125 trabalhadores que os iria despedir. Outros 150 vão ser colocados em lay-off a partir do próximo dia 14.
Estas iniciativas seguem-se a um incêndio a 6 de julho que apenas deixou sem danos as áreas de armazenamento e de manutenção. Depois de um primeiro período em que os empregos pareciam assegurados, no início da semana os trabalhadores souberam despedimento coletivo. Mais 25 serão alvo de rescisões amigáveis.
A empresa justifica que, durante um ano, vai reconstruir a fábrica, resultando no final instalações de menores dimensões do que aquelas que foram afetadas pelo incêndio.
Muitos dos despedidos trabalhavam há muito naquela unidade fabril que foi inaugurada em 1961. Desde 1991, pertence ao grupo dinamarquês DAT-Schaub que adquiriu mais tarde também uma outra fábrica de produção de tripas de porco e carneiro no Alandroal. No total, o grupo económico é proprietário de 19 fábricas em 17 países, empregando perto de quatro mil pessoas. No último ano, faturou 796 milhões de euros.
Esta sexta-feira, os trabalhadores reuniram-se em plenário. Na próxima quarta-feira, reúnem com a administração.
De acordo com o Jornal de Notícias, o ambiente é de choque, “revolta e lágrimas”. José Armando Correia, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação, descreve: “o despedimento foi como cair-nos uma bomba em cima. Até estávamos a preparar um caderno de reivindicações”.
Cinco das trabalhadores desta fábrica já confirmaram querer levar a empresa a tribunal. Àquele diário uma delas afirma: “demos sempre o litro e agora tratam-nos a pontapé. Estão a faltar ao prometido”.
Para além do processo de despedimento propriamente dito, há quem questione os critérios que estão a ser utilizados para os despedimentos. Outra trabalhadora despedida indica que recebeu o email de despedimento “de madrugada”, que “nunca mais” foi a mesma, assegurando que cumpre os três requisitos apresentados pela administração para manter o emprego: “produção, polivalência e anos de casa”.