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“Mudanças climáticas têm mais a ver com capitalismo do que com carbono”

O novo livro da autora e ativista Naomi Klein vai explorar como o nosso atual “modelo de economia está em guerra com a vida na Terra”. Por Jon Queally, do Common Dreams
Naomi Klein lança novo livro em setembro, com o título: “Isto muda tudo: Capitalismo versus Clima”

O título do livro não é difícil de ser entendido: Isto muda tudo: Capitalismo versus Clima.

Esperado para setembro, o novo trabalho da jornalista, ativista e intelectual canadiana Naomi Klein tem sido divulgado num vídeo que expõe os seus principais temas e argumento central.

“Em dezembro de 2012, um grupo de cientistas foi até ao palco da União Geofísica Americana para apresentar um artigo”, diz a narradora do vídeo – a própria Klein – enquanto imagens mostram o crescimento urbano e a queimada de lavouras.

E a narração continua:

O artigo foi intitulado “A Terra está lixada?”. E a sua resposta foi: ”Sim. Bastante.”’

É para onde a estrada onde estamos nos está a levar, mas isso tem menos a ver com carbono do que com o capitalismo. O nosso modelo de economia está em guerra com a vida na Terra. Não podemos mudar as leis da natureza, mas podemos mudar a nossa economia falida.

E é por isso que as mudanças climáticas não significam apenas um desastre. É também a nossa grande chance de exigir – e construir – um mundo melhor. Mudar ou ser mudado. Mas não se enganem… isto muda tudo.

Assista:

De acordo com a editora Simon & Schuster, Isto muda tudo é uma ”brilhante explicação de como a nossa crise climática nos desafia a abandonar o centro da ideologia do ‘mercado livre’ do nosso tempo, reestruturar a economia global e refazer os nossos sistemas políticos”.

Descrita como mais importante e visionário do que seu best-seller anterior, Doutrina do Choque, a nova obra de Klein vai argumentar que a mudança climática não é apenas outro item a ser habilmente arquivado entre impostos e assistência médica. É um alerta que nos chama a ajustar nosso sistema económico que já está a nos extinguir de diferentes formas.

Klein argumenta meticulosamente que a redução maciça da emissão de efeito estufa é a nossa melhor chance de simultaneamente diminuir as desigualdades, repensar as nossas democracias falidas e reconstruir as nossas tristes economias locais. Ela expõe o desespero ideológico daqueles que negam a mudança climática, as ilusões messiânicas dos pretensos geo-engenheiros e o derrotismo trágico de muitas iniciativas verdes tradicionais.

Naomi Klein considera que “a questão das mudanças climáticas – quando toda a sua economia e implicações são entendidas – é a mais poderosa agenda progressista que já existiu para a igualdade e a justiça social”

Temos de entender o facto de que a revolução industrial que levou prosperidade à nossa sociedade está agora a desestabilizar o sistema natural do qual dependem as nossas vidas.

Esses argumentos não serão novos para quem segue o trabalho de Klein – e os argumentos similares de muitos outros nos últimos anos – mas a expectativa é de que assim como na abordagem anterior sobre o capitalismo moderno em Doutrina do Choque, ela vai apresentar a sua análise mais completa da situação atual e a sua visão do futuro.

Num discurso para um dos maiores sindicatos do Canadá, Klein disse aos membros da Unifor que acabou o tempo em que os trabalhadores e os interesses industriais entregam as suas mentes ao que dita a ciência climática sobre o modelo económico vigente do capitalismo global dominado pelas grandes empresas.

Ela também discutiu a ideia de que as mudanças climáticas não devem ser vistas como um desastre, mas como uma enorme oportunidade para reformar o paradigma político e a luta por justiça global. Ela declarou à plateia de trabalhadores:

“A ideia que quero trazer-vos é que a questão das mudanças climáticas – quando toda a sua economia e implicações são entendidas – é a mais poderosa agenda progressista que já existiu para a igualdade e a justiça social.

Mas primeiro nós temos que parar de fugir da crise climática, parar de deixar isso para os ambientalistas e confrontarmo-nos com o problema. Temos de entender o facto de que a revolução industrial que levou prosperidade à nossa sociedade está agora a desestabilizar o sistema natural do qual dependem nossas vidas”.

”As mudanças climáticas”, acrescentou ela, ”não são um item para ser adicionado à lista de coisas com as quais temos de nos preocupar. São um alarme para a civilização”.

Artigo de Jon Queally publicado originalmente por Common Dreams e traduzido por EcoD.

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