Maria da Luz Boal - mais conhecida como Lilica - faleceu esta quarta-feira no Hospital Agostinho Neto, em Cabo Verde. Segundo a agência Lusa, tinha sido sujeita a uma intervenção cirúrgica, após uma queda, e estava internada desde 23 de outubro, acabando por falecer devido a complicações pulmonares. Em 2019, deu ao Esquerda.net um testemunho sobre a sua vida e militância política no PAIGC, no âmbito da série “Mulheres de Abril”.
“Mulher de causas, dedicou-se de corpo e alma ao processo de reconstrução nacional, tendo-se destacado nas áreas da educação, igualdade de género e solidariedade social”, sublinhou o presidente cabo-verdiano José maria Neves, concluindo que “a sua generosidade e sentido do bem comum dão-lhe a imortalidade”. O funeral está marcado para sexta-feira, às 11:00 (12:00 em Lisboa), no Tarrafal, ilha de Santiago, onde nasceu há 90 anos.
Maria da Luz "Lilica" Boal nasceu em 1934 no Tarrafal de Santiago, Cabo Verde. Aos 11 anos foi para São Vicente, frequentar o Liceu Gil Eanes.
Posteriormente, veio para Portugal. Fez o sexto e o sétimo ano em Braga. Inscreveu-se na Faculdade de Letras Histórico-Filosóficas, em Coimbra, onde esteve dois anos. Entretanto, foi estudar para Lisboa, onde frequentou a licenciatura em História e Filosofia em Lisboa. Nessa época, estava em permanente contacto com a Casa dos Estudantes do Império.
Em junho de 1961, ano do início do conflito armado em Angola, integrou um grupo de estudantes africanos que "deu o salto" para continuar a luta pela independência nas ex-colónias.
Trabalhou no bureau do PAIGC, em Dakar, e esteve ligada ao lar onde ficavam os combatentes que vinham da fronteira e alguns feridos de guerra.
Em 1969, assumiu a direção da Escola-Piloto do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
Integrou a direção da UDEMO – União Democrática das Mulheres, sendo responsável pelas relações internacionais.
Entre 1974 e 1979, foi diretora do Instituto Amizade do PAIGC. Entre 1979 e final de 1980 foi diretora-geral da coordenação do minstério da Educação guineense.
Regressou a Cabo Verde, assumindo o cargo de inspetora-geral da Educação. Depois, passou para o Instituto Cabo-verdiano de Solidariedade, onde esteve até à reforma.
Foi a única deputada do primeiro Parlamento de Cabo Verde. Foi ainda uma das fundadoras da Organização das Mulheres de Cabo Verde, estando ligada às relações internacionais. Era responsável pelo departamento das atividades geradoras de rendimento desta organização.