Participando na conferência “Que desafios urbanos enfrentam as grandes cidades?”, que conta com a presença do ministro das Infraestruturas e Habitação e com representantes do Confidencial Imobiliário e da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários, Carlos Moedas acusou a “extrema-esquerda” de fazer “guerra ideológica” com a habitação, depois de ter sido interrompido por um membro da audiência.
“Mentiroso! Só ajudas os especuladores!”, gritou alguém na audiência, que rapidamente foi expulso da sala. Em resposta, Carlos Moedas disse que “há partidos da extrema-esquerda que utilizam a habitação como uma luta ideológica” e que essas pessoas “não querem resolver o problema”. Depois, referiu-se ao período entre 2010 e 2020 para falar da construção de habitação pública, dizendo que durante esse período “o Bloco de Esquerda estava no Executivo” e que só foram construídas 17 casas por ano.
Em comunicado de imprensa, o Bloco de Esquerda desmentiu Carlos Moedas sobre as afirmações. “O Bloco teve pelouro na CML entre 2017 e 2021”. Para além das datas do presidente da Câmara Municipal de Lisboa estarem erradas, o Bloco de Esquerda salienta que o Programa de Renda Acessível 100% Público, que o partido forçou no acordo inicial com o PS em 2017, “permitiu a construção de cerca de mil casas de renda acessível” de que agora Moedas procura colher os louros.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa acusou ainda os organizadores da manifestação Casa Para Viver de “escorraçar” a vereadora de habitação, Filipa Roseta, da manifestação de dia 28 de setembro. Essa acusação tinha sido feita já no dia 28 de setembro pela própria vereadora, mas foi desmentida pelos organizadores, que explicaram que apenas mencionaram aos órgãos de comunicação social que a vereadora “não era bem-vinda” devido à política de habitação deste Executivo, mas que esta não foi expulsa de forma alguma.
Moedas apoiou-se também na sobrelotação de habitações, nas quais dezenas de imigrantes vivem em pequenas casas, para se desresponsabilizar da crise de habitação, dizendo que o seu Executivo não pode resolver a situação e que essa questão terá de ser resolvida pelo governo central e pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo.
Carlos Moedas afirmou que suspendeu o Alojamento Local em Lisboa de forma a regular o turismo, criticando “os extremos” por “criar uma narrativa contra o turismo”. Mas a verdade é que o Alojamento Local está suspenso por proposta da oposição e Moedas votou contra.
Segundo o Bloco de Esquerda, o atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa “tem sido incapaz de resolver a crise na habitação, no lixo, no trânsito e, desesperado, tem culpado tudo e todos pelos seus erros, mesmo usando argumentos simplesmente falsos”.