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Moções concluíram debate na XII Convenção

As intervenções de encerramento das cinco moções apresentadas à XII Convenção fizeram-se pela ordem inversa à da apresentação no sábado.
Convenção do Bloco em Matosinhos.
Convenção do Bloco em Matosinhos. Foto de Ana Mendes

A conclusão do debate político das moções na XII Convenção do Bloco começou com José Moreira, pela moção N, a defender que o “Bloco não pode acantonar-se”, mas sim “desafiar o PS e todas as esquerdas” com um acordo escrito sobre medidas concretas, pois caso contrário, acrescentou, “não haverá solução governativa à esquerda”. Entre as propostas que identificou como prioritárias para esse programa alternativo estão a reforma da justiça, um modelo económico que aposte na indústria do conhecimento, o aumento do salário mínimo para 1.000 euros e a redução do horário de trabalho para as 30 horas, a reforma da segurança social e da contratação coletiva, o reforço do ensino público e do SNS, o combate ao racismo, a renegociação da dívida, a regionalização e o investimento de 1.5% PIB na cultura e outro tanto no desporto. No plano interno, insistiu no aumento da democracia e participação, na autonomia das organizações e na limitação de mandatos para os cargos eleitos. "Tal como para o país, também para o Bloco a centralização é absurda”, concluiu José Moreira.


 

Pela moção C, coube a Luísa Santos fazer o encerramento do debate, começando por sublinhar que “a pandemia mostrou que o Bloco tinha razão e da pior maneira possível”, recordando que “todos aplaudimos os profissionais de saúde”, mas que muitos deles agora estão a ser despedidos ou que se agravou o problema dos doentes não-covid “porque não se fez a requisição civil do setor privado para não desagradar aos senhores do dinheiro”. Destacou outra sequela da pandemia, que é o medo de procurar os serviços de saúde e defendeu mais investimento na saúde mental, “o parente pobre do serviço de saúde”. Para o Bloco, propôs mais  liberdade de tendências para o grande debate político, com os aderentes unidos com respeito pelas naturais diferenças. Vinda da Madeira, Luísa Santos aproveitou para falar do impacto da pandemia no arquipélago e a forma como ela “não acalmou os apetites dos especuladores”. E criticou que não se tenha aproveitado para diversificar um modelo económico assente na hotelaria e na precariedade.

 


Seguiu-se a intervenção de Alexandre Frias, que participou pela primeira vez numa Convenção e representa a moção Q. Sublinhou a diversidade das opiniões que encontrou este fim de semana em Matosinhos, mas quis dirigir as suas palavras a quem acompanha os debates fora do pavilhão. Denunciou o “liberalismo selvagem e violento que está a destruir o planeta” e que “sabe que vai morrer de uma forma ou de outra”: ou pelo colapso da nossa civilização, “ou porque vamos acabar com ele”. Uma tarefa que não caberá à “esquerda social-democrata murcha e fraca, mas a uma esquerda radical que luta pelos seus princípios”. Em seguida, criticou o que diz ser “um falhanço coletivo” da ação política do Bloco na luta “para vencermos este sistema económico obsceno e imoral”. E defendeu a importância de se aproveitar os contributos das “pessoas extraordinárias que resistiram ao fascismo, que têm uma clareza moral e sentido de camaradagem, pessoas criativas que não estamos a aproveitar”. Por fim, apelou a todos os aderentes que acham que o rumo do partido devia mudar a juntarem-se aos debates da moção Q.


 

A moção E encerrou o debate com a intervenção de Bruno Candeias, que acusou a moção A de não ter ido ao debate porque ”preferiu o soundbyte e rejeitou a autocrítica”. Apontou como erros da atual direção a apresentação de uma candidatura presidencial “sem ouvir as bases” e a continuação da “disputa ao centro e de migalhas com o PS”. Bruno Candeias destacou o “avanço e afirmação da moção E” e prometeu que “os próximos dois anos vão criar nova relação de forças interna” para “recuperar um bloco que se acantonou na cega proximidade ao poder”. Defendeu ainda como “linhas vermelhas” dessa intervenção o combate à crise climática, a centralidade do trabalho, com a urgência de reverter as leis da troika, o reforço da democracia interna e a defesa do ecossocialismo.


 

A concluir o debate, Jorge Costa interveio pela moção A, começando por falar dos últimos dois anos em que “a distância promoveu uma experiência de medo, ansiedade e perda” na sociedade, além de um aumento da comunicação em redes sociais “onde medra a cultura política do ódio, intolerância e violência verbal, que recusamos”. Por uma política de “tolerância zero face ao insulto no debate político”, contrapôs “uma cultura política nova, de fraternidade e de escuta”. Para a moção A, esta Convenção “foi um debate verdadeiro em que nos confrontámos com as nossas dificuldades”. Se “nunca tivermos tanto diálogo com setores em luta” como durante os meses da pandemia, “precisamos de muito mais para transformar esta influência em músculo para a luta social”. “Não estamos a construir um local de culto aos heróis e heroínas da luta pelo socialismo”, garantiu Jorge Costa, mas uma força política “para defender o povo da predação do capitalismo abutre”. A começar pela mudança das leis do trabalho, para que a recuperação económica não  assente na sobrexploração dos trabalhadores. O regresso à atividade presencial “deve ser um novo arranque de iniciativa e abertura”, concluiu.

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