Os trabalhadores do fundo da mina de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde, iniciaram esta segunda-feira uma greve que prossegue na terça-feira para as equipas A e B e nos dias 20 e 21 de junho para as equipas C e D.
Em causa está a decisão da concessionária da mina, a Somincor, agora detida pela sueca Boliden - que a adquiriu em abril à Lundin Mining por 1.440 milhões de euros - de implementar o modelo de rotação de turnos 4x4, ou seja, quatro dias de trabalho seguidos de quatro dias de folga.
Segundo a agência Lusa, os trabalhadores falam em violação do acordo de empresa em vigor desde 2019 e acusam a empresa de “total falta de respeito e arrogância” e de pretender “extrair mais minério sacrificando a saúde dos seus trabalhadores e impedindo que estes tenham uma vida familiar e social digna”.
Em comunicado divulgado na semana passada, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM) dizia ser “incompreensível” a atitude da empresa, pois ela própria reconhecia que desde que o horário atual foi implementado, “aumentaram os acidentes de trabalho, quatro dos quais fatais e que os resultados financeiros também pioraram”, pelo que não faz sentido concentrar ainda mais o horário em dias seguidos de trabalho. O sindicato avançou entretanto com uma providência cautelar para impedir o novo modelo de turnos, tendo a empresa recusado a sugestão da DGERT na reunião conciliatória para aguardar por essa decisão do tribunal antes de avançar com o novo horário.
A administração da empresa, pela voz do seu presidente Gunnar Nyström, disse ao Correio Alentejo que “a alteração da rotação de turnos para 4x4 é uma medida essencial para melhorar os índices de segurança da Somincor e para aumentar os níveis de produção da empresa, invertendo a tendência negativa verificada nos últimos anos”.
A mina de Neves-Corvo é a maior mina de zinco e a sexta maior de cobre na Europa e emprega dois mil trabalhadores, produzindo sobretudo concentrados de cobre e de zinco, assim como prata e chumbo.