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Militares franceses recusaram socorro a 27 migrantes que morreram em naufrágio

Migrantes atravessavam o Canal da Mancha em novembro de 2021 e ligaram pelo menos 15 vezes para as autoridades francesas. Vítimas eram, na sua maioria, curdos iraquianos com idades entre 7 e 46 anos. Cinco militares vão responder ao processo em liberdade.
Foto de Sandor Csudai.

Três mulheres e dois homens em exercício no Centro Operacional Regional de Vigilância e Resgate Gris-Nez (Pas-de-Calais) no momento do naufrágio de 31 migrantes no Canal da Mancha, na noite de 23 para 24 de novembro de 2021, foram indiciados por omissão de socorro a uma pessoa em perigo. Os cinco militares ficaram em liberdade e sem controlo judicial.

No total, pelo menos 27 pessoas com idades entre 7 e 46 anos perderam a vida, incluindo seis mulheres e uma menina. Quatro corpos nunca foram encontrados.

As vítimas terão ligado 15 vezes a pedir ajuda às autoridades francesas. Numa das chamadas, cuja transcrição é citada pelo Opera Mundi, um dos migrantes diz: "Por favor, ajude-me (...) estou na água", ao que lhe é respondido "Sim, mas você está em águas inglesas, senhor". O migrante insiste dizendo que são águas francesas e implora para que o apoio venha rápido. "Ah, você não está me está a ouvir, então não será salvo”, diz a pessoa que atendeu o pedido de socorro, acrescentando que não é responsável por ele se encontrar naquele barco.

As informações recolhidas no âmbito da investigação às mortes dos migrantes confirmam os testemunhos de dois sobreviventes do naufrágio, que denunciaram a recusa de socorro por parte das autoridades.

As transcrições das conversas revelaram também que o Centro Operacional Regional de Vigilância e Resgate Gris-Nez entrou em contacto com a guarda costeira britânica em várias ocasiões.

Em audiências no tribunal, militares franceses apontaram a falta de recursos e o número de chamadas como obstáculos para o resgate de todos os migrantes.

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