Milhares pedem mais investimento na escola pública

18 de junho 2016 - 16:33

A manifestação em defesa da Escola Pública juntou milhares de pessoas em Lisboa para defender que o dinheiro do Estado deve ser investido no reforço do ensino público.

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Manifestação começou com intervenções no Marquês de Pombal, em Lisboa. Foto Inácio Rosa/Lusa

Milhares de professores, pais e alunos manifestaram-se este sábado no centro de Lisboa em defesa da Escola Pública. Ao fim da tarde, a Fenprof estimou em 80 mil o número de manifestantes, com Mário Nogueira a concluir que “esta foi a maior manifestação de sempre em defesa da escola pública”. No seu discurso antes do início da marcha, o líder da Fenprof fez questão de sublinhar que “não é uma marcha contra ninguém, nem contra os colégios privados, é uma iniciativa pela defesa da escola pública, que tem sido maltratada”.

O desinvestimento no ensino público que foi a marca da passagem de Nuno Crato pelo governo foi um dos alvos das críticas de Mário Nogueira, que também se referiu ao desejo dos colégios privados de verem perpetuar os seus contratos de associação em locais onde existe oferta pública escolar.

“Ao direito de escolha tem de se associar o dever de pagar, porque não têm de ser os contribuintes a suportar uma escolha quando existe uma resposta pública que tem qualidade”, afirmou Mário Nogueira. Também Arménio Carlos, líder da CGTP, reforçou o argumento, defendendo que “não é justo que aqueles que sempre pagaram impostos, foram massacrados por uma política fiscal ruinosa e injusta, sejam agora chamados a pagar impostos para se manter escolas privadas que fazem concorrência à escola pública”.

“Só na escola pública todas as pessoas podem ser tratadas de forma igual”

Também presente nesta manifestação, a par de dirigentes do PCP e do PS, a porta-voz bloquista Catarina Martins lembrou que “só na escola pública todas as pessoas podem ser tratadas de forma igual” e por isso o Estado deve investir mais. “Sempre que é preciso, o Estado deve contratualizar com os privados para garantir que todas as pessoas têm acesso à educação. Mas sempre e só quando é preciso”, ou seja, onde há falta de escolas da rede pública, acrescentou.

“A obrigação do Estado é ter escola pública em todo o território. Essa escola que trata todas as pessoas de forma igual, independentemente da sua carteira, do seu apelido, daquilo em acreditam”, concluiu Catarina, antes de deixar  a garantia de que o Bloco não deixará de lutar pelos direitos dos professores do ensino privado, “como de todos os trabalhadores em Portugal”.

A deputada bloquista Joana Mortágua apontou críticas à líder do CDS, Assunção Cristas, por ter defendido numa entrevista recente que a escola pública devia ser sacrificada para não pôr em causa o negócio privado. “Nós não podemos ter, como tivemos nos anos da troika e da líder do CDS no governo, um corte de 1300 milhões na escola pública e um despedimento de 30 mil professores. O que o governo de Assunção Cristas fez foi precisamente sacrificar a escola pública sem tocar no rendimento dos colégios privados”, lembrou Joana Mortágua.