De um lado, o Governo sérvio, a União Europeia e a multinacional anglo-australiana Rio Tinto. Do outro, os movimentos ambientalistas e milhares de sérvios. Em causa está uma mega-mina de lítio em Jadar país que tem sido alvo de um braço de ferro há anos.
O projeto parou em 2022, depois de uma mobilização massiva. Mas voltou no início de julho. Apoiado numa decisão do Tribunal Constitucional que declarou inconstitucional a revogação da licença, o governo autorizou o início das atividades extrativas, apoiado ainda num acordo de parceria com a União Europeia que será o principal mercado da matéria-prima usada em baterias para carros elétricos. Calcula-se que a infraestrutura possa extrair 60.000 toneladas de lítio por ano, o suficiente para produzir 1,1 milhões de viaturas elétricas no espaço da UE.
Este sábado, milhares de pessoas manifestaram-se nas ruas de Belgrado unidos pelas palavras de ordem “Rio Tinto, deixa a Sérvia” e “não haverá mineração”. As estimativas oficiais do Ministério do Interior apontam para entre 24 a 27.000 manifestantes. Uma manifestação que chega depois de semanas de outras manifestações em várias cidades do país.
Happening right now: Massive environmenal #protest in #Serbia capital #Belgrade against @RioTinto lithium mining project. pic.twitter.com/Gbsks9Q37q
— Boris Malagurski (@malagurski) August 10, 2024
Alguns dos grupos de defesa do ambiente dizem estar prontos para bloquear as principais vias de comunicação do país. Já em 2022 isto tinha ocorrido.
Os manifestantes sublinham que esta exploração poluição mineira se traduzirá em poluição das fontes de água numa região fortemente agrícola e noutros perigos para a saúde pública.
Do lado do presidente os argumentos passaram-se a condensar nas teorias da conspiração. Aleksandar Vucic diz que foi avisado pelos serviços secretos russos que está em andamento uma “agitação em massa e um golpe” comandado por “potências ocidentais” que não explica quais serão. O discurso dos políticos no poder e dos meios de comunicação estatais passa pela comparação das manifestações contra a mina com a revolta da praça Maidan, na Ucrânia, em 2013. Assim, ao mesmo tempo que escala o discurso pró-russo, a Sérvia continua a procurar aderir à União Europeia.