No primeiro de dois dias de greve nacional, foram cerca de 2.000 os trabalhadores da Autoridade Tributária e Aduaneira que estiveram em Lisboa numa marcha em direção à Assembleia da República.
As suas principais reivindicações são a valorização da carreira, a revisão da tabela salarial e a melhoria de condições de trabalho que, afirmam, melhorará o combate à fraude e evasão fiscal beneficiando assim todo o país.
Exige-se um aumento de 10% ao ano entre 2025 e 2027 que permita compensar a perda de poder de compra sofrida e, assim, alinhar a sua valorização salarial com outras carreiras cuja tabela salarial foi revista o ano passado. Para além disso, pretendem que as progressões na carreira possam acontecer no máximo de seis em seis anos de forma a que se chegue ao topo da carreira em 30 anos de trabalho.
A estas propostas somam-se a resolução da situação dos trabalhadores não licenciados, de forma que tenham a "autoridade necessária" para desempenhar a sua função, um “regime rigoroso” de admissões e acesso exclusivo às funções tributárias e aduaneiras com base nas regras definidas no regime de carreiras em vigor.
Durante a manifestação, eram notórias as muitas camisolas pretas com as palavras de ordem “AT mirrada, economia paralela aumentada” e faziam-se ouvir apitos e palavras de ordem como "assim se vê a força da AT".
Chegados ao Parlamento, atiraram dezenas de códigos tributários para as escadarias. Um gesto simbólico para denunciar o excesso de trabalho e a falta de pessoal. Foi isso que explicou à Lusa Zélia Lopes, presidente da direção distrital do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos de Leiria: “aqueles códigos têm mil e tal páginas, quando entrei para a AT em dois anos não aprendi [o necessário], nem de perto nem de longe, e os códigos são atualizados duas e três vezes em cada ano. São um símbolo do nosso trabalho, para eles [deputados] verem o que temos de estudar”.
Depois do ato, fazem questão de o dizer, os livros não serão desperdiçados. O Banco de Alimentar vai vender o papel.
Outro problema são as vagas insuficientes nos concursos para a profissão em vésperas de muitas aposentações. A dirigente sindical estima que , dos quase 10.000 funcionários da AT cerca de 3.000 irão reformar-se nos próximos quatro a cinco anos.
O seu colega Luís Agostinho, da Direção de Finanças do Porto, confirma este envelhecimento e os problemas a ele relacionados: "são exigidas melhores condições salariais e melhores condições de trabalho, a idade do pessoal já não se aguenta", havendo trabalho a mais e problemas de burnout.
O STI informa que estiveram fechados durante o dia 70% dos serviços de finanças.