Galiza

Milhares cercam sede do governo contra a celulose da Altri

30 de junho 2024 - 16:53

Em Santiago de Compostela, uma maré de gente participou este domingo no cordão humano para dizer não ao projeto da empresa portuguesa que quer instalar uma megafábrica de celulose.

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Protesto em Compostela
Protesto contra a celulose da Altri deste domingo em Compostela. Foto Ecoloxistas en Acción/X

Convocada pela Plataforma Ulloa Viva e a Plataforma em Defesa da Ria de Arousa, cerca de 30 mil pessoas, segundo os organizadores, responderam à chamada para “cercar a Xunta” e foram mais que suficientes para rodear a sede do Governo galego, liderado pelo PP e apoiante do projeto da Altri que as populações contestam.

Mais uma vez ouviram-se apelos para que o executivo de Alfonso Rueda trave o projeto e também para que a União Europeia não autorize que um único euro de fundos públicos seja destinado a um projeto que irá contaminar as águas do rio Ulla. Entre as palavras de ordem, além do slogan “Altri Non” também presente nas faixas, t-shirts e cartazes, ouviu-se “si, si, si, que a leven para Madrid” ou “si e tan boa, que a leven para a Moncloa”. Além de movimentos e associações ecologistas, participou também um cortejo do Bloco Nacionalista Galego, com a presença da alcaldesa de Santiago, Goretti Sanmartín, a eurodeputada Ana Miranda, o deputado em Madrid Nestor Rego e vários deputados do parlamento galego, que defenderam a aplicação dos 250 milhões de euros que o PP quer dar à Altri num plano para “regenerar o rio Ulla e a ria de Arousa”. 

Lembrando que Arousa produz 70% do mexilhão galego e que aquele ecossistema sustenta quatro mil famílias, a vice porta-voz do BNG, Olalla Rodil, prometeu continuar a defender que esse dinheiro público não vai parar ao bolso da empresa portguesa que quer ali instalar uma “bomba ambiental”, mas sim investido em benefício da Galiza.

 O Partido Socialista galego, cujo líder tem sido criticado por não se opor abertamente ao projeto, foi mais uma vez representado pela sua juventude partidária.

A porta-voz de Ulloa Viva, Marta Gontá, defendeu que o governo galego ponha os interesses das pessoas acima dos da empresa privada e insistiu que a megacelulose prevista para a localidade de Palas de Rei irá afetar um raio de 50 quilómetros com as 60 toneladas de sulfatos vertidas para o rio.

"São projetos que não deixam nada aqui. Só poluição e isso é contrário ao nosso modelo produtivo", referiu por seu lado Xaquín Rúbido, o porta-voz da Plataforma de defesa da Ria de Arousa, exigindo que o projeto seja travado.

Na fase de discussão pública do estudo de impacto ambiental enviado ao governo galego, foram entregues mais de 23 mil contributos de pessoas e associações a contestar o projeto e a chamar a atenção para esta ameaça ambiental. No dia 26 de maio, mais de 20 mil pessoas manifestaram-se em Palas de Rei, localidade com menos de quatro mil habitantes, o que demonstra como a oposição alastrou a toda a Galiza.

No dia 19, a Greenpeace participou num protesto com os pescadores e mariscadores, deslocando o emblemático quebra-gelo Artic Sunrise para a ria de Arousa contra a ameaça que a fábrica projetada representa para este estuário. Para os mariscadores da ria de Arousa, a instalação da celulose na cabeceira do rio pode significar a sentença de morte para a apanha do marisco, à semelhança do que aconteceu na ria de Pontevedra por causa das descargas da celulose da Ence.

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