Memórias: Miriam Makeba

04 de março 2018 - 14:45

No dia 4 de março de 1932, nasceu Miriam Makeba. Foi uma cantora sul-africana e grande ativista na luta pelos direitos humanos e contra o racismo. Makeba, que simbolizava a luta contra o apartheid, esteve marginalizada durante mais de três décadas pelo regime racista sul-africano. Morreu há dez anos. Por António José André.

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Miriam Makeba foi uma cantora sul-africana e grande ativista na luta pelos direitos humanos.
Miriam Makeba foi uma cantora sul-africana e grande ativista na luta pelos direitos humanos.

Miriam Makeba nasceu no dia 4 de Março de 1932, em Joanesburgo. Nos anos 50, começou a participar no grupo Manhattan Brothers, cantando uma mistura de blues com ritmos tradicionais sul-africanos.

Em 1960, participou no documentário anti-apartheid "Come Back, Africa" e esteve presente no Festival de Veneza. A receção que teve na Europa e o que enfrentava na África do Sul fizeram com que resolvesse não regressar ao seu país.

Em Londres, encontrou-se com Harry Belafonte (cantor e ator afro-americano), que viria a ser responsável pela entrada de Makaba no mercado norte-americano. Através de Belafonte, gravou vários discos de grande popularidade.

A sua canção "Pata Pata" tornou-se um sucesso mundial. Em 1966, os dois ganharam o Prémio Grammy (categoria de música folk) com o disco "An Evening with Belafonte/Makeba". Makeba também trabalhou com o brasileiro Sivuca.

Em 1963, depois do seu testemunho sobre as condições dos negros na África do Sul, perante o Comité contra o Apartheid da ONU, Makeba viu os seus discos a sua nacionalidade banidos do país por parte do governo racista.

Em 1968, Makeba casou com Stokely Carmichael (ativista do Black Power e porta-voz dos Panteras Negras), o que levou ao cancelamento dos seus contratos de gravação e das suas digressões artísticas.

Por isso, Makeba e Carmichael foram viver para a Guiné-Conakry, tornando-se amigos do presidente Ahmed Sékou Touré. Nos anos 80, Makeba foi delegada da Guiné-Conakry junto da ONU e recebeu o Prémio da Paz "Dag Hammarskjöld".

Makeba separou-se de Carmichael, em 1973. Continuou a vender discos e a fazer espetáculos em África, América do Sul e Europa. Em 1975, participou nas cerimónias da independência de Moçambique, onde cantou "A Luta Continua".

Em 1985, morreu a sua filha única e Makeba foi viver para a Bélgica, onde se estabeleceu. Em 1987, voltaria ao mercado norte-americano, participando no disco de Paul Simon "Graceland" e na digressão que se seguiu.

Em 1990, com o fim do regime do apartheid e a revogação das respetivas leis, Makeba regressou finalmente à sua pátria, a pedido do presidente Nelson Mandela. Na África do Sul, Makeba participou em dois filmes de sucesso sobre a época do Apartheid e sobre a Revolta do Soweto, ocorrida em 1976.

Em 2001, Makeba recebeu a Medalha de Ouro da Paz "Otto Hahn". Ela continuava a participar em concertos em todo o mundo. Os seus últimos álbuns gravados foram: "Keep Me In Mind" (2002) e "Reflections" (2004).

Makeba faleceu na madrugada do dia 10 de novembro de 2008, no hospital de Castel Volturno (Itália), vítima de uma paragem cardíaca após de ter participado num concerto de apoio ao escritor Roberto Saviano. Este autor tinha sido ameaçado de morte pela máfia, por ter publicado o livro Gomorra (2007).

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