Habitação

Medidas da direita para jovens fazem subir preços das casas

04 de setembro 2024 - 21:29

Isenção de impostos e garantia pública destinada aos jovens já aumentou procura na compra de casa. Falta de oferta significa que os preços sobem face a esta mudança e a crise de habitação agrava-se.

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Edifício habitacional
Fotografia de Paulete Matos

As medidas apresentadas pelo governo da Aliança Democrática para apoiar os jovens na compra de casa estão a aumentar a procura e a subir os preços das casas, agravando ainda mais a crise de habitação em Portugal.

A própria ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, já tinha admitido que as medidas podiam agravar a crise de habitação ao aumentar a procura, e consequentemente os preços da habitação. Agora, segundo avança o jornal Público, as isenções fiscais para os jovens e a garantia pública para obtenção de financiamento a 100% na compra da primeira casa criaram um aumento notório na procura de casas com preços que cumpram os critérios desses apoios.

Como o aumento da procura não está a ser acompanhado de um aumento de oferta, os preços das casas continuam a aumentar para toda a gente, mesmo para quem não beneficia das medidas implementadas para os jovens. A consequência das medidas é o agravamento da crise de habitação que Portugal vive.

Os preços de venda das casas subiram 7% em relação ao ano passado e as rendas aumentaram 10,5%. São dados do Instituto Nacional de Estatística que provam que as medidas do programa “Construir Portugal”, apresentado pelo governo em Maio, não estão a responder à crise de habitação de forma ágil, uma vez que os preços estão em níveis recorde e continuam a subir. Por outro lado, as medidas para os jovens, que foram implementadas de forma imediata, estão a ter o impacto contrário ao desejado, agravando ainda mais a crise.

O principal pilar do programa da Aliança Democrática para a resolução da crise de habitação é a aposta na construção através de incentivos fiscais e financeiros para aumentar a oferta no mercado. Esta estratégia, para além de não ter conseguir responder imediatamente aos problemas da população, não tem em conta que o mercado de habitação é segmentado, o que significa que há uma forte possibilidade de a maior parte dos investimentos na construção serem direcionados a um mercado de luxo, e não a habitação acessível.