O chefe da diplomacia marroquina pronunciou-se esta semana sobre a ida de uma missão de observação de três eurodeputados do grupo da Esquerda no Parlamento Europeu ao Sahara Ocidental, coordenada com a Frente Polisario. Catarina Martins, Isa Serra e Jussi Saramo foram impedidos de sair do avião à chegada ao aeroporto de El Aaiun na passada quinta-feira, onde homens que não se identificaram lhes disseram que eram personae non gratae e teriam de voltar no mesmo avião para as ilhas Canárias.
Sahara Ocidental
Marrocos retém Catarina Martins em missão de eurodeputados com destino ao Sahara Ocidental
Em declarações citadas pela agência Lusa, Naser Burita afirmou esta terça-feira que estas "provocações não têm impacto sobre Marrocos, que exerce plenamente a sua soberania sobre as suas províncias do sul, bem como sobre o resto do seu território nacional”.
Em reação às palavras do governante marroquino, Catarina Martins perguntou nas redes sociais se “Portugal e a UE deixarão passar esta provocação” que nega o internacionalmente reconhecido direito à autodeterminação.
No Parlamento português, o Bloco de Esquerda anunciou que vai apresentar um voto de condenação ao estado de Marrocos por ter impedido a entrada de uma eurodeputada portuguesa no Sahara Ocidental. O voto recorda que “todas as autoridades estavam informadas da referida visita, nomeadamente a Frente Polisario, autoridade legítima do Saara Ocidental de acordo com as resoluções da Organização para as Nações Unidas, mas também as autoridades marroquinas”. E acrescenta que a recusa de entrada dos eurodeputados foi “uma limitação grave do Reino de Marrocos ao escrutínio, por parte da deputada europeia, a decisões do Tribunal Europeu”, dado que a missão tinha por objetivo verificar o cumprimento da declaração de nulidade decretada pelo Tribunal de Justiça da UE aos acordos comerciais entre a UE e Marrocos, além de reuniões com a missão da ONU no território e com várias ONG de defesa dos direitos humanos.