Missão no Sahara

Marrocos fala em “provocação”, Bloco responde com condenação na AR

27 de fevereiro 2025 - 11:10

O ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino considera uma “provocação” a ida da delegação de eurodeputados em missão de observação ao Sahara Ocidental. Bloco quer que o Parlamento condene Marrocos por ter impedido a entrada de uma eurodeputada portuguesa.

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Mulher com bandeira do Sahara Ocidental
Foto da delegação da Frente Polisario em Espanha

O chefe da diplomacia marroquina pronunciou-se esta semana sobre a ida de uma missão de observação de três eurodeputados do grupo da Esquerda no Parlamento Europeu ao Sahara Ocidental, coordenada com a Frente Polisario. Catarina Martins, Isa Serra e Jussi Saramo foram impedidos de sair do avião à chegada ao aeroporto de El Aaiun na passada quinta-feira, onde homens que não se identificaram lhes disseram que eram personae non gratae e teriam de voltar no mesmo avião para as ilhas Canárias.

Em declarações citadas pela agência Lusa, Naser Burita afirmou esta terça-feira que estas "provocações não têm impacto sobre Marrocos, que exerce plenamente a sua soberania sobre as suas províncias do sul, bem como sobre o resto do seu território nacional”.

Em reação às palavras do governante marroquino, Catarina Martins perguntou nas redes sociais se “Portugal e a UE deixarão passar esta provocação” que nega o internacionalmente reconhecido direito à autodeterminação.

No Parlamento português, o Bloco de Esquerda anunciou que vai apresentar um voto de condenação ao estado de Marrocos por ter impedido a entrada de uma eurodeputada portuguesa no Sahara Ocidental. O voto recorda que “todas as autoridades estavam informadas da referida visita, nomeadamente a Frente Polisario, autoridade legítima do Saara Ocidental de acordo com as resoluções da Organização para as Nações Unidas, mas também as autoridades marroquinas”. E acrescenta que a recusa de entrada dos eurodeputados foi “uma limitação grave do Reino de Marrocos ao escrutínio, por parte da deputada europeia, a decisões do Tribunal Europeu”, dado que a missão tinha por objetivo verificar o cumprimento da declaração de nulidade decretada pelo Tribunal de Justiça da UE aos acordos comerciais entre a UE e Marrocos, além de reuniões com a missão da ONU no território e com várias ONG de defesa dos direitos humanos.
 

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