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Marisa: Mandato de Marcelo "ficou aquém” das suas responsabilidades

A candidata à Presidência aponta posições diferentes entre o seu projeto político e o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa em pelo menos três eixos essenciais e desvaloriza cenário de crise política
Marisa Matias na sessão de apresentação da sua candidatura, a 9 de setembro, no Largo do Carmo, em Lisboa.
Marisa Matias na sessão de apresentação da sua candidatura, a 9 de setembro, no Largo do Carmo, em Lisboa. Fotografia de Ana Mendes.

Em entrevista conjunta à Rádio Renascença e ao jornal Público um dia após a apresentação da sua candidatura à Presidência, Marisa Matias lembrou que a sua candidatura é “frente a frente” com o atual Presidente e defendeu que a esquerda não pode centrar o seu discurso no combate aos populismos.

Desvalorizando o cenário de crise política, ao considerar que estas “evitam-se, não se antecipam”, Marisa Matias defendeu que o papel do Presidente da República é o de poder, ou não, ajudar a resolver crises e procurar soluções para estas, como aquela que vivemos atualmente. E nesse aspeto, considera que Marcelo Rebelo de Sousa ficou aquém em três pontos essenciais. 

Marcelo Rebelo de Sousa “esteve ao lado da solução que foi encontrada para o Novo Banco e que penalizou e muito o país. Foi uma solução articulada entre a Comissão Europeia, o Governo português e o Presidente da República”, quando esses recursos teriam sido necessários para responder à crise. 

Também na discussão sobre a nova Lei de Bases da Saúde, o atual Presidente fez pressão para manter as parcerias público-privadas no Serviço Nacional de Saúde (SNS). “Com a crise pandémica vimos que os privados fugiram e abandonaram quem mais precisava. Foi o SNS que deu resposta a quem necessitava”, lembra a eurodeputada pelo Bloco de Esquerda. 

E em momentos importantes na luta laboral, fortemente marcada pelos impactos da intervenção da troika nos últimos anos, não houve resposta à altura. “Num mandato marcado por tanta presença, algumas das ausências tornam-se bastantes visíveis”, explicou. Como exemplo, Marisa Matias referiu a luta de Cristina Tavares, vítima de assédio laboral, e das trabalhadoras da Triumph, que várias vezes tentaram, sem sucesso, falar com o Presidente da República. 

Outras matérias onde não há entendimento incluem "o respeito por todas as famílias independentemente da forma como são compostas, o respeito pela dignidade na hora de morrer e o respeito pelos direitos das mulheres, mesmo em lutas que já travámos neste país, como é o caso da interrupção voluntária da gravidez”, explicou a candidata à Presidência da República. 

“Nos três eixos fundamentais de resposta à crise, creio que o Presidente não esteve do lado que era mais necessário”, critica Marisa Matias, para concretizar logo depois o caso dos “recursos necessários para investir em salários e pensões e para proteger os mais velhos” e a “proteção no trabalho”, considerando que estas são áreas em que quem ocupa o cargo deveria “ter tido uma ação muito mais consolidada”.

Reconhecendo que o aumento dos populismos é uma preocupação “na UE e fora dela”, Marisa Matias defende que a solução não pode passar por focar a resposta à esquerda nessa matéria, esquecendo-se da necessidade de “trazer respostas concretas para a vida das pessoas”. 

“Não nos ajuda em nada retirar do centro da política e da discussão política aquilo que são os problemas concretos das pessoas e das soluções que precisamos para encontrar”, defendeu.

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