“Nunca caminharás sozinha” gritaram os milhares de pessoas que se manifestaram este sábado contra a detenção na passada sexta-feira da ativista LGBT, Margot, em várias cidades da Polónia. 48 outras pessoas foram igualmente detidas na mesma altura quando participavam numa ação pacífica de protesto contra a consumação desta prisão que começou em frente à sede da “Campanha contra a Homofobia”.
Imagens difundidas nas redes sociais mostram a polícia a deter arbitraria e violentamente manifestantes que não resistem.
Czy ktoś może wyjaśnić, co tu się właśnie wydarzyło? Ludzie szli spokojnie pod komisariat protestować (korzystać z wolności zgromadzeń), a policja ich od tyłu napada. Na jakiej postawie? Dlaczego? @MariuszCiarka @Policja_KSP @Adbodnar pic.twitter.com/2wBb9aFVPh
— Piotr Żytnicki (@PiotrZytnicki) August 7, 2020
Queer protests happening NOW in Poland. An activist named Margot has been falsely charged and brutally arrested. Please follow and donate to activist group @stopbzdurom ! #MuremZaMargot #MuremZaStopBzdurom video credit @LewOgram on insta pic.twitter.com/CBAhzORDHe
— Adam Eli (@aewerner) August 7, 2020
Margot foi sujeita a dois meses de prisão preventiva e pode ser condenada a até cinco anos de prisão efetiva. É acusada de, em junho, ter cortado os pneus de uma camioneta de uma associação “anti-aborto” que circula em Varsóvia com frases homófobas e associando homossexualidade com pedofilia. A polícia acusa-a ainda de ter empurrado a condutora do veículo. Enfrenta ainda outra acusação não julgada ainda por o grupo a que pertence ter coberto algumas estátuas com a bandeira arco-íris. Neste processo os crimes em causa são os de vandalismo e de “ofensa ao sentimento religioso”, uma vez que uma das estátuas era de Jesus Cristo.
Em comunicado, a organização da manifestação de solidariedade em Varsóvia escreveu: “reunimo-nos para protestar juntos contra a violência e a homofobia sistémica”. O mote do protesto foi “empatia, solidariedade, ação”. E os manifestantes juntaram ainda a esta a palavra de ordem: “não nos vão prender todos”.
Mesmo em zonas que se declararam “livres de LGBT”, houve quem desafiasse o conservadorismo como em Lublin. Dezenas de manifestantes ergueram aí pancartas como “gay por nascimento, orgulhoso por escolha” ou “a solidariedade é a nossa arma”, segundo noticia a AFP.
A Polónia é um dos países europeus em que as políticas homofóbicas mais se fazem sentir. Na última campanha eleitoral, o tema foi utilizado pelo presidente Duda para mobilizar o eleitorado mais conservador. Na sua cerimónia de tomada de posse, esta quinta-feira, os deputados da esquerda reagiram desenhando a com as roupas a bandeira arco-íris.
Tak to wyglądało dzisiaj.
Memento dla @AndrzejDuda. #Zaprzysiężenie pic.twitter.com/FAhfg4KBkS— Anna-Maria Żukowska #Lewica (@AM_Zukowska) August 6, 2020
Anna Maria Zukowska, deputada coligação de esquerda Lewica, passou a madrugada de sexta-feira, depois das detenções na esquadra de Wilcza, no centro de Polónia. Acusa a polícia de violência gratuita contra manifestantes que não reagiram e de “negar o direito constitucional de representação legal” aos detidos e diz que há motivações políticas nas detenções. Até porque Margot se tinha entregue à polícia, quando esta chegou, que não reagiu, preferindo detê-la um pouco depois no meio da rua.